A EMBRIAGUEZ DO PODER
Um artigo escrito pelo jornalista Larry Rohter foi o causador da
ultima crise no governo Lula. O artigo do jornalista do New York Times foi
publicado no dia 09 de maio e é uma verdadeira aula de como não se deve
escrever um artigo jornalístico.
Nele o autor demonstra uma imaturidade de principiante, mas acima
de tudo demonstra estar mais interessado em levantar polêmica, digna de
jornalismo marrom, do que trabalhar a favor de um jornalismo sério e
comprometido com a verdade. Citou fontes sem saber aonde essas fontes buscaram
informações, o jornalista Diogo Mainardi da revista Veja, teve seu artigo do
dia 24 de março deste citado de forma direta, mas ele havia pesquisado em
jornais como a Folha de São Paulo e O Globo, sendo que em seu artigo em hora
nenhuma diz que há uma “preocupação nacional” sobre o suposto abuso de álcool
do Presidente, pior Diogo Mainardi escreve solicitando ao Presidente para parar
de beber em eventos e em público, diz que o Presidente assim está dando mau
exemplo e estimulando o uso de álcool.
Pede que Lula “dê uma canetada” e obrigue as pessoas que se
envolvem em acidentes automobilísticos sejam obrigadas a se submeterem ao teste
de bafômetro e finaliza dizendo que o Presidente deveria engajar-se numa
campanha contra a bebida, para poder ser lembrado pelo menos por isso.
Da mesma forma citou a enquête do Site de Cláudio Humberto sobre o
nome do avião de 56 milhões de dólares do presidente, houve várias brincadeiras
sobre o nome do avião, inclusive ligando o nome à de uma cachaça. Mas, seria
isso motivo de preocupação nacional?
O artigo de Mainardi, não lhe acarretou dores de cabeça, nem tão
pouco foi motivo de processo penal, nem de deportação, bem como as notas
hilárias de Cláudio Humberto, também não lhe renderam o exílio. No Brasil
estamos acostumados com os relatos da imprensa sobre a vida privada das ditas
“celebridades”, um livro sugestivo sobre o assunto que dá uma dimensão de como
lidamos com o público e o privado é “Carnavais, Malandros e Heróis” de
Roberto da Matta, nele o autor nos dá dimensão da diferença em nosso país entre
o público e o privado, entre o comportamento do brasileiro em casa e na rua.
Se em casa reina a harmonia e todos são respeitados pelo que são,
na rua não, vale a posição que se ocupa na sociedade. Lula confunde o privado
com o público, extrapola esquecendo que governa um país e que em público não
pode tudo, mas ao mesmo tempo, parece morar em uma grande casa chamada Brasil,
nessa casa ele pode beber e falar de economia logo após, pode emitir opinião
sem pestanejar, esquece-se da simbologia do poder, do ritualismo que deveria às
vezes seguir, pelo menos para evitar gafes e ter essas mesmas ligadas ao fato
de consumir álcool em público.
Se Larry Rohter manuseou mal as fontes, foi preguiçoso,
preconceituoso, equivocou-se em citar fatos históricos, ao comparar Lula com
Jânio Quadros, dando a entender que o segundo havia abandonado o poder por
causa do álcool e que esse fato levou ao golpe de 64, pior fez o governo Lula
que valorizou o artigo de Larry Rohter, dando-lhe como resposta à cassação do
visto de permanência no país. O último correspondente a ser mandado para fora
de nosso país foi François Pelou da agência France Press, no governo do Gal.
Emilio Garrastazu Médice (1969-1974), por ter divulgado a relação de 70 presos
políticos exigidos em troca da libertação do embaixador suíço Geovanni Enrico
Bucher. Lula utilizou os mesmos argumentos da ditadura para cassar o visto de
permanência de Rohter e fez suscitar a dúvida se o governo está indo de
encontro ao prometido nos palanques ou ainda se encontra como nos primeiros
dias embriagado pelo poder.
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