O Massacre de Suzano e a sombra de Columbine



Em 20 de abril de 1999, dois jovens de 17 e 18 anos armados de rifles semiautomáticos e bombas adentraram na Columbine High School, Estado do Colorado (EUA) e efetuaram um massacre, vitimando 12 alunos, 01 professor, além de ferirem 24 pessoas. Os dois alunos escolheram a data em comemoração ao nascimento de Adolf Hitler (20/04/1889).

O Massacre de Columbine, como ficou conhecido foi um dos primeiros momentos em que nos EUA a indústria de armas representada pela Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), uma entidade com mais de 4 milhões de integrantes, teve seu lobby no Congresso contestado por parte dos estadunidenses. A NRA baseia-se na Segunda Emenda da Constituição, o direito dos americanos possuírem e portarem armas.  E sobrevive governo após governo, graças ao lobby no Congresso que envolve o apoio tanto de parte dos republicanos quanto dos democratas.

A tragédia da escola de Columbine, não conseguiu que a NRA fizesse, no mínimo, uma mea culpa pelas mortes ocorridas, nem mesmo pela sequência de tragédias envolvendo armas de fogo que ocorreram depois.

Copiando “Columbine”, em 05/03/2001, também nos EUA, na Santana High School, Califórnia, o adolescente de 15 anos, Charles Andrew Williams matou dois alunos e feriu outros 13. Charles sofria constantemente bullying por colegas. E chegou a dizer que ia “meter um Columbine” na escola. Ameaça não levada tão a sério por seus colegas que continuaram a praticar bullying.

Tanto em Columbine como em Santana, os perfis dos envolvidos estavam ligados ao bullying. Em Columbine os dois atiradores eram “agressores” e em Santana o atirador era a “vitima” de bullying.

No Brasil, a tragédia ocorrida em Suzano, São Paulo, neste 13 de março, nos remete à Columbine, pelo modus operandi utilizado pelos dois jovens que também eram ex- alunos da escola e tinham em Columbine o “modelo” de ataque “ideal” à escola.

Utilizando-se de um revolver calibre 38’, uma besta (espécie de arco e flecha), machados, coquetel molotov, um simulacro de bomba, além de recarregador Jetloader para o revolver calibre 38’, os dois assassinos adentraram a escola e vitimaram 5 alunos, 2 funcionárias e suicidaram-se. Antes passaram em uma Locadora de veículos, próxima a escola e atiraram em uma pessoa identificada como tio de um dos assassinos, que veio a falecer no Hospital.

Um dos perpetradores havia alertado a um colega (assim como no assassinato na Califórnia) que o sonho dele era repetir “Columbine”, fato que agora demonstra a adoração pernóstica pelo acontecido em Colorado. Hoje sabemos os perfis criminológicos dos dois assassinos de Columbine: um psicopata com complexo de superioridade e megalomaníaco e um depressivo e paranoico.

Os dois assassinos de Suzano (SP) planejaram o atentado e modus operandi baseado em Columbine, apesar de não possuírem o mesmo conhecimento dos perpetradores dos EUA e nem os recursos. Queriam “fazer” o seu próprio Columbine e metaforicamente ameaçaram a escola com um simulacro de bomba que sem qualquer poder de explosão tinha o objetivo de somente imitar o “massacre modelo”, não explodindo, para que adentrassem a escola e pudessem fazer o maior número de vítimas possível. E preferiram o suicídio (como os seus “heróis” de Columbine) do que se entregar a Polícia.

Restou para a pacata cidade de Suzano, o luto, as dores das perdas familiares, as perguntas não respondidas e o adeus a quem só queria ter mais um dia na escola, estudando em paz.



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