Postagens

O Massacre de Suzano e a sombra de Columbine

Imagem
Em 20 de abril de 1999, dois jovens de 17 e 18 anos armados de rifles semiautomáticos e bombas adentraram na Columbine High School, Estado do Colorado (EUA) e efetuaram um massacre, vitimando 12 alunos, 01 professor, além de ferirem 24 pessoas. Os dois alunos escolheram a data em comemoração ao nascimento de Adolf Hitler (20/04/1889). O Massacre de Columbine, como ficou conhecido foi um dos primeiros momentos em que nos EUA a indústria de armas representada pela Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), uma entidade com mais de 4 milhões de integrantes, teve seu lobby no Congresso contestado por parte dos estadunidenses. A NRA baseia-se na Segunda Emenda da Constituição, o direito dos americanos possuírem e portarem armas.  E sobrevive governo após governo, graças ao lobby no Congresso que envolve o apoio tanto de parte dos republicanos quanto dos democratas. A tragédia da escola de Columbine, não conseguiu que a NRA fizesse, no mínimo, uma mea culpa pelas mortes ocor

Tarantino e o Uniforme Nazista

Imagem
“Bastardos Inglórios” (2009) de Quentin Tarantino é um dos grandes exemplos de como a arte pode subverter, desconstruir e até inverter a história. O ponto alto do filme é a morte de Hitler em um dos ambientes mais utilizados para a propaganda nazista: o cinema. Há na obra uma visão contra ideológica do Nazismo, mostrando que não há nada a ser glorificado e nem considerado como humanamente aceitável nele. A sétima arte pode sim ser esse meio de sublimar determinados temas, caros demais para a memória da humanidade. Pode inclusive torná-lo palatável, homenagear ou mesmo intensificar as imagens e vozes de determinados fatos para que a humanidade não a esqueça.         No Espírito Santo um professor se fantasiou de “nazista” em uma aula de história (curso pré-vestibular e escolar particular), tendo como tema a Segunda Guerra. O seu objetivo era “desconstruir” o que o Nazismo impeliu a humanidade. E essa desconstrução foi realizada (conforme ele justificou) retirando visualment

História, Revisionismo e Racismo nos EUA: CHARLOTTESVILE 2017.

Imagem
O mundo viu a face, sem qualquer máscara ou simbologia escondida o ressurgimento do racismo nos Estados Unidos, ou pelo menos a sua nova cara.  Foi em Charlottesville na Virgínia no dia 11 de agosto de 2017. E contou inclusive com a KKK – Ku Klux Klan que via a chance de voltar ao antigo protagonismo racista do século XX com a nova vestimenta de “supremacistas brancos”, uma expressão tão incorreta quanto a sua aplicabilidade.  Tanto por que o ódio racial não difere em nada do sentimento que desde a Guerra da Secessão (1861-1865) e durante o século XX, mesmo após o fim do escravismo no sul dos Estados Unidos, perdurou nos corpos e mentes de parte da população branca estadunidense. Como uma claraboia que se abre diante de uma oportunidade, o racismo voltou à tona fomentado por um presidente que abriu outras claraboias de ódio como o xenofobismo e o nacionalismo imperialista. O discurso de Donald Trump de “primeiro os Estados Unidos”, soa como uma imitação chula e de mau gos

TRUMAN – UM CÃO, A SOLIDÃO E O FIM DA VIDA.

Imagem
                                                      Truman filme do espanhol Cesc Gay (49 anos) é muito mais do que um filme sobre um homem e um cão. É a película que fala sobre as decisões de um homem, JÚLIAN, diante da morte. Interpretado pelo ator argentino RICARDO DARÍN, JULIAN tem câncer e diante da morte resolve enfrentá-la frente a frente, o que causa estranheza aos seus amigos. O seu melhor amigo, THOMAS, interpretado pelo ator espanhol JAVIER CÁMARA (ambos já haviam trabalhado no filme anterior de CESC GAY,“O que os homens falam”(2012) viaja para passar quatro dias com ele e com isso se despedir do amigo de infância. Estranhamente, o cão chamado TRUMAN que dá nome ao filme é um coadjuvante e a busca por um novo lar para TRUMAN é uma forma de planejar, também, com quem seu cão deve morrer já que se encontra também velho. Essa observação não é para diminuir o valor de TRUMAN no filme, mas para que o expectador não vá em busca de mais um filme sobre o homem e o c

SOMOS TODOS CHARLIE HEBDO?

Imagem
Desde a segunda Guerra Mundial não se tinham notícias de uma onda migratória tão grande para Europa como se tem notícia após o início da “Primavera Árabe”, ou seja, uma série de manifestações e protestos que tomaram conta do Oriente Médio e do norte da África a partir de dezembro de 2010. Essas manifestações mudaram totalmente as perspectivas políticas, econômicas e a geopolítica mundial. Diferente das manifestações de rua brasileira, o que se viu na região foram deposição de governos, guerras civis, revoluções, reestruturações políticas, econômicas, geopolíticas e crises sociais. Há ainda muitas regiões em conflito. A Síria é um exemplo de país onde as mudanças oriundas da Primavera Árabe ainda não terminaram. O conflito iniciado em janeiro de 2011 através de manifestações populares, utilizando-se, inclusive, as mídias e as redes sociais buscava inicialmente liberdade de imprensa e a defesa dos direitos humanos, o fim do regime Bashar Al Assad, com a proposta de uma tr

QUE HORAS ELA VOLTA? A Hipocrisia da ascensão social brasileira.

Imagem
O filme “Que horas ela volta?” de Anna Muylaert traz a tona a discussão de como a ascensão social em nosso país é considerada ainda uma anomalia. O filme mostra uma família de classe média onde as relações internas estão bem delineadas, além de mostrar que a ascensão das mulheres após saírem de casa, dependeu também de que outras mulheres, que em busca da mesma liberdade trocaram seu “lugar” em troca do trabalho e uma melhora de vida. No filme a empregada doméstica, VAL (interpretada por REGINA CASÉ) que migrou de Pernambuco para São Paulo(como tantos outros nordestinos) é  empregada doméstica da residência onde moram uma família de classe média composta por um pai que não sabe ainda que perdeu o poder da família patriarcal, uma mãe que é uma das facetas da mulher emancipada e que trabalha e conduz a família e um filho mimado que tem todas as suas vontades feitas pelos pais. Parece uma descrição simples de uma família, mas não é. A personagem VAL é colocada o tempo todo con

O GOLEIRO “ARANHA” NÃO É MACACO

Imagem
Goleiro Aranha do SANTOS Mais uma vez o esporte é invadido pela visão distorcida de “torcedores” (será que podem ser chamados assim?) que se acham mais importantes que outros ou melhores por causa da sua cor da pele ou até localização geográfica? O esporte sempre foi um bom exemplo de como as diferentes formas de organização de nossa sociedade se juntam,formando um amalgama quase único. Pois, quando vestidos com a mesma “camisa” do time e juntos torcendo, ninguém pensa em si ou pelo menos o seu corpo não está sozinho em relação aos outros. O corpo de um torcedor não é dele, forma um organismo maior chamado torcida e aí tudo vale: gritos, urros, xingamentos, vaias, etc. Mas essa cinemática de corpos embalsamados por uma “camiseta” da mesma agremiação formando um corpo único: a torcida,  pode às vezes, conter pessoas que conseguem expor seus pensamentos, frustrações e mesmo utilizar de suas subjetividades e preconceitos para se enaltecerem em cima do “outro”. E este “outro” dei