NEGROS: ESTEREÓTIPOS E VIOLÊNCIA - O Caso Travyon Martin.

Estereótipos são na maioria das vezes uma forma preconceituosa de ver a diversidade e serve como desculpa para a não aceitação do outro. Acompanham na sua maioria das vezes outros preconceitos e estão sempre fadados a acabarem de forma violenta. Assim algumas profissões desde há muito tempo tentam classificar as pessoas conforme suas características físicas, fora assim com a tese Lombrosiana, que se caracterizava por ligar as características físicas às mentais, daí a sua tese (logo desaprovada) de que os sóciopatas possuíam caraterísticas físicas determinadas, como por exemplo, o tamanho da mandíbula.

Teorias sobre criminalidade sempre conviveram com a visão da sociedade e modificam-se de acordo com essa mesma sociedade. Mas como compreender a partir de uma teoria de que tantos nos Estados Unidos quanto no Brasil, os negros são a maioria nas prisões e isso influencia o dia a dia das abordagens da polícia, dos vigias, dos vigilantes, dos transeuntes que fogem quando um negro vai lhe pedir informação e os estereótipos criados para a definição do criminoso?

Vamos a um exemplo recente: dia 26 de fevereiro de 2012, um  jovem negro de 17 anos, Travyon Martin, caminhava por uma rua da Flórida e ia para a casa onde seu pai se encontrava visitando uma amiga em uma comunidade privada(Sanford) no sudeste da Flórida, o vigia voluntário George Zimmerman, de 28 anos, com seu tirocínio avançado e com todo o preconceito que envolve o estereótipo ou a criação dos estereótipos, caminhou seguindo o jovem negro, o que aconteceu após o encontro é uma incógnita, mas o final nós sabemos: Travyon Martin foi morto com um tiro no peito. O vigia alega legítima defesa, mas o que o fez seguir o jovem? Qual motivo teria levado a achar que Travyon Martin estava em atitude suspeita? Oras o que é atitude suspeita? O capuz indica que ele era suspeito?

Travyon Martin morreu por que, primeiramente, a lei de “Atire primeiro” promulgada por Jeb Bush(sim, filho de George W. Bush) diz que o americano da Flórida deve atirar em qualquer um que estiver prestes a ofender a sua integridade física. A legítima defesa do vigia (branco) George Zimmerman, fez com que novamente viesse à tona a discussão racial no país. Segundo, por que George Zimmerman só seguiu o jovem Travyan movido por uma questão de preconceito: racial e de estereótipo.

O preconceito contra o negro moveu-o tanto quanto o gingado, o andar, o capuz, as cores da roupa do jovem, enfim todas as suas características físicas atreladas ao “ideal” de criminoso articulado pela mídia estadunidense, pela ideia de estranho, de “outsider”, então para ele estava cumprindo o seu “dever”. Tanto que o jovem Travyan, mesmo desarmado, foi acusado de estar prestes a ofender a sua integridade física, daí a sua legítima defesa.

No Brasil, temos “Travyans” por todos os cantos, nossas periferias estão cheias deles, com seus gingados, com seus cabelos coloridos, com seus capuzes, o morticídio continua de jovens negros no Brasil e não estamos sozinhos (infelizmente) os Estados Unidos nos acompanham, aprisionando e matando o sonho de muitos jovens que, por culpa, de todos nós e principalmente do Estado não terão a chance de viverem seus sonhos. Cabe a esta sociedade repensar os seus estereótipos, cabe ao Estado, treinar melhor todos aqueles que deveriam proteger ao invés de matar. 

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