OS JOVENS E A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL - SOBRE "PRECIOSA" e "UM SONHO POSSÍVEL".
Dois filmes que concorreram ao Oscar 2010 fazem uma reflexão sobre a relação do negro com a violência. São eles: “Um sonho possível” e “Preciosa: uma história de esperança”. Em ambos temos dois jovens negros moradores de periferias, com famílias desestruturadas, envolvimento dos parentes com drogas e violência familiar. A única ligação dos dois jovens com a sociedade é a escola, onde apesar de todas as dificuldades eles continuam a freqüentar.
Em “Um sonho possível”, o jovem Oher frequenta a escola, com a desconfiança do corpo pedagógico que não vê nele perspectiva de aprendizagem. No filme “Preciosa: uma história de esperança”, a adolescente Clairee “Preciosa” Jones é expulsa da escola(uma expulsão branca). Ao ser “tranferida” para uma escola especial, ela passa a compartilhar a sua dor e ao mesmo tempo lidar com a sua mãe que também a violenta.
É na escola que ela inicia sua jornada para uma mudança radical em sua vida marcada pela falta de perspectivas. O preconceito racial e de classe está explícito em ambos os filmes, pois os dois personagens têm que conviver com as dificuldades de se integrarem a sociedade com um mundo pessoal destruído e sem qualquer estímulo para a mudança. Nas duas histórias o único ponto de contato dos dois jovens negros com o Estado e a sociedade é a escola.
Apesar de que fica nítido (no filme “Preciosa”) como a rede de assistência social dos Estados Unidos vigia e pune os que não conseguem adentrar e dar lucro ao mercado neoliberal. Nos dois filmes analisados os jovens negros conseguem através da ajuda de fora da família buscar soluções para suas vidas: Oher através de uma socialyte que vê nele condições de ser um jogador de futebol americano; na jovem Preciosa a solução passa pela ajuda de uma professora e uma assistente social.
A realidade do negro nos Estados Unidos e no Brasil são diferentes é claro, mas há muitos pontos de convergência, estes nos apontam que muitas das bandeiras levantadas pelo movimento negro é justa, honrada e correta. Fomos o último pais das Américas a extirpar o trabalho escravo, temos uma população negra e pobre que vive desde o século XIX sendo empurrada para as periferias das cidades (como exemplo clássico o Rio de Janeiro), sendo que as ações afirmativas podem sanar parte das desigualdades entre brancos e negros neste país, mesmo havendo uma resistência cultural enraizada no “mito da democracia racial”.
Vivemos ainda, infelizmente, com o mito da democracia racial impregnada em nossas instituições e relações raciais. Onde o discurso de que somos um “caldeirão étnico único no mundo” destoa quando colocamos a realidade na ponta do lápis. E essa realidade não é difícil de pontuar, analisando comparativamente, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos a maioria da população carcerária é negra, no Espírito Santo há uma população carcerária branca de 1.943 para 1.495 milhões de habitantes brancos, enquanto os negros encarcerados somam 6.170 para uma população de 1.939 milhões. A chance de um negro ser preso é três vezes maior que um branco. Até quando vamos como sociedade negar que nossas relações raciais são ainda impregnadas pelo “mito da democracia racial”?
Enquanto nos vendemos como uma nação “branca e européia” nossos jovens (de maioria negra) são empurrados como ratos para a ratoeira da marginalidade consumista, sendo presos ou mortos nas periferias das nossas cidades. Os governos municipais devem planejar em longo prazo intervenções nessa realidade através de políticas públicas para jovens que levem em conta o peso das nossas relações raciais, levando para nossas periferias o Estado e recebendo em troca menos presos e menos jovens mortos.
É na escola que ela inicia sua jornada para uma mudança radical em sua vida marcada pela falta de perspectivas. O preconceito racial e de classe está explícito em ambos os filmes, pois os dois personagens têm que conviver com as dificuldades de se integrarem a sociedade com um mundo pessoal destruído e sem qualquer estímulo para a mudança. Nas duas histórias o único ponto de contato dos dois jovens negros com o Estado e a sociedade é a escola.
Apesar de que fica nítido (no filme “Preciosa”) como a rede de assistência social dos Estados Unidos vigia e pune os que não conseguem adentrar e dar lucro ao mercado neoliberal. Nos dois filmes analisados os jovens negros conseguem através da ajuda de fora da família buscar soluções para suas vidas: Oher através de uma socialyte que vê nele condições de ser um jogador de futebol americano; na jovem Preciosa a solução passa pela ajuda de uma professora e uma assistente social.
A realidade do negro nos Estados Unidos e no Brasil são diferentes é claro, mas há muitos pontos de convergência, estes nos apontam que muitas das bandeiras levantadas pelo movimento negro é justa, honrada e correta. Fomos o último pais das Américas a extirpar o trabalho escravo, temos uma população negra e pobre que vive desde o século XIX sendo empurrada para as periferias das cidades (como exemplo clássico o Rio de Janeiro), sendo que as ações afirmativas podem sanar parte das desigualdades entre brancos e negros neste país, mesmo havendo uma resistência cultural enraizada no “mito da democracia racial”.
Vivemos ainda, infelizmente, com o mito da democracia racial impregnada em nossas instituições e relações raciais. Onde o discurso de que somos um “caldeirão étnico único no mundo” destoa quando colocamos a realidade na ponta do lápis. E essa realidade não é difícil de pontuar, analisando comparativamente, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos a maioria da população carcerária é negra, no Espírito Santo há uma população carcerária branca de 1.943 para 1.495 milhões de habitantes brancos, enquanto os negros encarcerados somam 6.170 para uma população de 1.939 milhões. A chance de um negro ser preso é três vezes maior que um branco. Até quando vamos como sociedade negar que nossas relações raciais são ainda impregnadas pelo “mito da democracia racial”?
Enquanto nos vendemos como uma nação “branca e européia” nossos jovens (de maioria negra) são empurrados como ratos para a ratoeira da marginalidade consumista, sendo presos ou mortos nas periferias das nossas cidades. Os governos municipais devem planejar em longo prazo intervenções nessa realidade através de políticas públicas para jovens que levem em conta o peso das nossas relações raciais, levando para nossas periferias o Estado e recebendo em troca menos presos e menos jovens mortos.
Olá Washington Siqueira, gostei muito da sua análise. Creio também que "Preciosa" possibilita outras análises, a exemplo do que já citei acima, o problema das doenças mentais em decorrência de outras dificuldades enfrentadas em nosso cotidiano. Sinceramente, ainda não consegui escrever uma análise contundente, mas ei de escrever tendo como enfoque a problemática da insanidade construída. Porque a atriz Patton, que dá vida ao personagem da mãe "vilã", nada mais é que uma vítima de um processo violento, infelizmente, ainda vivenciado por muitas(os) de nós, em decorrências das causas e consequências do racismo.
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