MEIA NOITE EM PARIS - O VELHO E BOM WOODY ALLEN DE VOLTA.
Woody Allen conseguiu acertar a mão depois de tantos anos, seu último filme traz a memória os seus melhores momentos e isto reflete nas bilheterias. “Meia Noite em Paris” é o seu filme de melhor bilheteria, batendo depois de tantos anos “Hannah e suas irmãs” (1986). A questão não é que o diretor tenha se afastado da sua melhor forma, mas que volta a ter a simplicidade e o estilo que o marcou principalmente nas décadas de 80 e 90. Brincando com o tempo, o diretor consegue nos levar a refletir sobre qual é a melhor época para se viver: o hoje ou em algum lugar do passado, se você fosse escolher qual a década que queria viver e aonde?
Essas são as perguntas chaves para compreender a luta do seu alterego no filme, Owen Wilson, na pele de Gil Pender, um escritor frustrado que não consegue escrever, mas encontra a sua inspiração numa Paris dos anos 1920, pois quando adentra um veiculo à meia noite passa a conviver com vários de seus escritores e artistas favoritos, o que lhe dá inspiração e o faz repensar sua vida.
A grande sacada do filme é não ter mirabolantes mágicas para a explicação da viagem no tempo de Pender, ele simplesmente viaja encontrando Matisse, Pablo Picasso, Zelda e Scott Fitzgerald, Salvador Dalí, Jean Cocteau, Cole Porter, Ernest Hemingway, T.S. Eliot e outros mais. Ao ver a “mágica” da viagem através do tempo, veio nos a lembrança da “Rosa Púrpura do Cairo”(1985), quando um personagem sai da tela do cinema e invade a “realidade” ou “Simplesmente Alice”(1990).
Se o surrealismo do filme contagia a pergunta que se faz na viagem é qual a melhor época para se viver, se procurarmos na memória sempre vai se arrastar para mais para trás possível como se a felicidade só existisse no passado.
Allen reflete exatamente sobre essa miséria do presente onde o fast food cultural nos remete a uma degustação rápida de tudo e mostra que é necessário sentar, ouvir, conversar, cultuar, tornar simples as músicas, as melodias, o teatro e não esse consumismo bestializado de pequenas doses de tudo. Apesar de tudo, o passado passou, o presente é interessante, mas é necessário captá-lo, vivê-lo, pois esse é o nosso momento e a melhor época para se viver: o hoje.
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