tag:blogger.com,1999:blog-75858220422413872492024-03-14T14:02:09.503-03:00SURURU COM CARAMBOLASIdeias e ideais sobre História Política, História, Economia, Relações Raciais e Cinema.Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.comBlogger37125tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-79285462169015539332019-04-16T21:37:00.000-03:002019-04-16T21:37:20.400-03:00O Massacre de Suzano e a sombra de Columbine <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP6a8KB0kNYiOBjwTMlVs6-NuLcc9deLnnDphjljnQTFHRPsunk6XIjCoec7KcCP-l1nSMqLNzQi7pRbrJEMTBqXi24zJBu29R5T89BwPbLWaTV8Wi94jTk4Zasoxne4bs99xVcTdS0Vs/s1600/chacinasuzano-843ff953d8a3eac243266efff30b32e3-1200x600.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP6a8KB0kNYiOBjwTMlVs6-NuLcc9deLnnDphjljnQTFHRPsunk6XIjCoec7KcCP-l1nSMqLNzQi7pRbrJEMTBqXi24zJBu29R5T89BwPbLWaTV8Wi94jTk4Zasoxne4bs99xVcTdS0Vs/s640/chacinasuzano-843ff953d8a3eac243266efff30b32e3-1200x600.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Em 20 de abril de 1999, dois
jovens de 17 e 18 anos armados de rifles semiautomáticos e bombas adentraram na
Columbine High School, Estado do
Colorado (EUA) e efetuaram um massacre, vitimando 12 alunos, 01 professor, além
de ferirem 24 pessoas. Os dois alunos escolheram a data em comemoração ao
nascimento de Adolf Hitler (20/04/1889).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">O Massacre de Columbine,
como ficou conhecido foi um dos primeiros momentos em que nos EUA a indústria
de armas representada pela <span style="background: white;">Associação
Nacional do Rifle (NRA, em inglês), uma entidade com mais de 4 milhões de
integrantes, teve seu lobby no Congresso contestado por parte dos
estadunidenses. A NRA baseia-se na Segunda Emenda da Constituição, o direito
dos americanos possuírem e portarem armas.
E sobrevive governo após governo, graças ao lobby no Congresso que
envolve o apoio tanto de parte dos republicanos quanto dos democratas. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="background: white;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">A tragédia da escola de Columbine,
não conseguiu que a NRA fizesse, no mínimo, uma mea culpa pelas mortes
ocorridas, nem mesmo pela sequência de tragédias envolvendo armas de fogo que
ocorreram depois. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Copiando “Columbine”, em 05/03/2001,
também nos EUA, na Santana High School, Califórnia, o adolescente de 15 anos, Charles Andrew Williams matou dois
alunos e feriu outros 13. Charles sofria constantemente bullying por colegas. E
chegou a dizer que ia “meter um Columbine” na escola. Ameaça não levada tão a
sério por seus colegas que continuaram a praticar bullying.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Tanto em Columbine como em
Santana, os perfis dos envolvidos estavam ligados ao bullying. Em Columbine os
dois atiradores eram “agressores” e em Santana o atirador era a “vitima” de
bullying. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">No Brasil, a tragédia ocorrida
em Suzano, São Paulo, neste 13 de março, nos remete à Columbine, pelo modus
operandi utilizado pelos dois jovens que também eram ex- alunos da escola e
tinham em Columbine o “modelo” de ataque “ideal” à escola.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Utilizando-se de um revolver
calibre 38’, uma besta (espécie de arco e flecha), machados, coquetel molotov,
um simulacro de bomba, além de recarregador Jetloader para o revolver calibre 38’,
os dois assassinos adentraram a escola e vitimaram 5 alunos, 2 funcionárias e
suicidaram-se. Antes passaram em uma Locadora de veículos, próxima a escola e
atiraram em uma pessoa identificada como tio de um dos assassinos, que veio a
falecer no Hospital. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Um dos perpetradores havia
alertado a um colega (assim como no assassinato na Califórnia) que o sonho dele
era repetir “Columbine”, fato que agora demonstra a adoração pernóstica pelo
acontecido em Colorado. Hoje sabemos os perfis criminológicos dos dois
assassinos de Columbine: um psicopata com complexo de superioridade e
megalomaníaco e um depressivo e paranoico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Os dois assassinos de Suzano
(SP) planejaram o atentado e modus operandi baseado em Columbine, apesar de não
possuírem o mesmo conhecimento dos perpetradores dos EUA e nem os recursos. Queriam
“fazer” o seu próprio Columbine e metaforicamente ameaçaram a escola com um
simulacro de bomba que sem qualquer poder de explosão tinha o objetivo de somente
imitar o “massacre modelo”, não explodindo, para que adentrassem a escola e
pudessem fazer o maior número de vítimas possível. E preferiram o suicídio (como
os seus “heróis” de Columbine) do que se entregar a Polícia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #444444;">Restou para a pacata cidade
de Suzano, o luto, as dores das perdas familiares, as perguntas não respondidas
e o adeus a quem só queria ter mais um dia na escola, estudando em paz. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-50244880945012138342019-04-04T23:42:00.001-03:002019-04-04T23:42:51.498-03:00Tarantino e o Uniforme Nazista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifIPQtyITu7DxaE8VsCTWFmNScPqhUt1p5qdSQ_ISsE5OwYf6BFQU8CrU3rRJe44qfVbJSEu0UViu1J6DMrqP4TpWAo0aVZdaU7eVLOlwXbhJz2dqA2EpsbWncWHoaRzpJC7YPfFdPIsI/s1600/inglourious-basterds-cast.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="620" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifIPQtyITu7DxaE8VsCTWFmNScPqhUt1p5qdSQ_ISsE5OwYf6BFQU8CrU3rRJe44qfVbJSEu0UViu1J6DMrqP4TpWAo0aVZdaU7eVLOlwXbhJz2dqA2EpsbWncWHoaRzpJC7YPfFdPIsI/s1600/inglourious-basterds-cast.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">“Bastardos Inglórios”
(2009) de Quentin Tarantino é um dos grandes exemplos de como a arte pode
subverter, desconstruir e até inverter a história. O ponto alto do filme é a
morte de Hitler em um dos ambientes mais utilizados para a propaganda nazista:
o cinema. Há na obra uma visão contra ideológica do Nazismo, mostrando que não
há nada a ser glorificado e nem considerado como humanamente aceitável nele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">A sétima arte pode
sim ser esse meio de sublimar determinados temas, caros demais para a memória
da humanidade. Pode inclusive torná-lo palatável, homenagear ou mesmo
intensificar as imagens e vozes de determinados fatos para que a humanidade não
a esqueça. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">No Espírito Santo um
professor se fantasiou de “nazista” em uma aula de história (curso pré-vestibular
e escolar particular), tendo como tema a Segunda Guerra. O seu objetivo era “desconstruir”
o que o Nazismo impeliu a humanidade. E essa desconstrução foi realizada
(conforme ele justificou) retirando visualmente sua “farda” e os símbolos
utilizados pelo nazismo enquanto explicava o tema. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Primeiramente devemos
questionar o uso do uniforme e da suástica solar para tal “desconstrução”. O
uniforme era motivo de orgulho entre os militantes nazistas e tinha uma função
primordial dentro da propaganda simbólica do regime: dissimulava as diferenças projetando
a imagem de uma comunidade coesa e solidária, diminuía os que se encontravam
fora das grandes demonstrações de poder (através da reunião de grandes massas populares)
segregava os que não estavam “uniformizados”, dando-lhes o sentido do não
pertencimento à “comunidade maravilhosa” oriunda do Nazismo.<a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a>
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Dentro desse contexto,
o uniforme nazista com seus adereços e principalmente a suástica solar era um
diferencial propagador do poder do Fuhrer, de subserviência, ao mesmo tempo de
“pertencimento” à “comunidade maravilhosa”, não usar o uniforme, não portar
seus símbolos era estar fora dessa comunidade. Era ser identificado como
inimigo (judeus e comunistas principalmente) a ser combatido pelo nazismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">O espaço não permite
uma discussão mais aprofundada em relação às várias compreensões e leituras das
simbologias utilizadas pelo nazismo. Mas cabe alertar que tanto a suástica
solar quanto outros símbolos nazistas, como o cumprimento ao Fuhrer, são
proibidos por lei na Alemanha. E que no Brasil a apologia ao Nazismo é crime (Lei
7.716/89, artigo 20, § 1º). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Mesmo que, no caso do
professor não tenha se constituído crime, há de se considerar a forma como os
símbolos nazistas, banidos na própria Alemanha e constituindo no Brasil prática
de crime de apologia foram expostos aos alunos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">No caso a simbologia
nazista foi tratada como um chiste, uma paródia, levando aos alunos
independente do conteúdo a sublimação do verdadeiro valor dos símbolos ali expostos.
O mesmo não ocorreria se tal caso fosse mostrado, comparado e/ou inserido os
símbolos via “O Álbum de Auschwitz”, por exemplo, pois haveria a contraposição
com as vítimas do Holocausto, ora vestidos de prisioneiros de guerra, outras
portando a estrela de Davi e outras vezes enrolados em cobertores.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">No ambiente escolar o
professor vive de escolhas didáticas e pedagógicas e a suas práxis não é aleatória.
Estão imbricadas de seu modo de ver e pensar a ciência/disciplina que
“trabalha”, sua visão de mundo, sua ideologia e o seu lugar de fala. No caso em
debate há várias outras escolhas a se fazer, que não trariam o desconforto e
até o desrespeito às vítimas do holocausto. Por que não escolher o uniforme de preso?
Por que não escolher a roupa com a estrela de David? Por que escolher a roupa
do algoz?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Se a escola onde
ocorreu o fato se deu por satisfeita e aceita tal “incomodo”, não respeita a
história dos 6 milhões de dizimados pelo nazismo e aceita o “uniforme” como
mais um “recurso didático”, como se sua simbologia fosse sem fundo ideológico e
atemporal, erra. Se o professor também não repensa a suas práxis política
pedagógica e afirma estar correto, também erra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Esquecem-se de que a
realidade histórica não é piada, que símbolos, ideologias e signos são fortes
formadores de consciência e não devem ser subestimados. E que a história do
Holocausto mantém feridas abertas na pele da humanidade, não devendo ser objeto
de piada, a não ser no Cinema a La Tarantino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-31905569957839156152019-04-04T22:50:00.001-03:002019-04-04T23:22:35.529-03:00História, Revisionismo e Racismo nos EUA: CHARLOTTESVILE 2017. <div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkZNQ25jTvsJXag6ZobuwxLxufWq-TbblPrChQrpwTtj8KrlisugtWR3AhPXyV3JWSUakBpWumvh5Pra2bzx6ecfUl5bieVH1Pi5f3SkwS0HUNoQDQWHaBFwe2HwTvvrhNunPFRo8nrPA/s1600/robert+e+lee.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="418" data-original-width="620" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkZNQ25jTvsJXag6ZobuwxLxufWq-TbblPrChQrpwTtj8KrlisugtWR3AhPXyV3JWSUakBpWumvh5Pra2bzx6ecfUl5bieVH1Pi5f3SkwS0HUNoQDQWHaBFwe2HwTvvrhNunPFRo8nrPA/s1600/robert+e+lee.jpeg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O mundo viu a face, sem
qualquer máscara ou simbologia escondida o ressurgimento do racismo nos Estados
Unidos, ou pelo menos a sua nova cara. Foi
em Charlottesville na Virgínia no dia 11 de agosto de 2017. E contou inclusive
com a KKK – Ku Klux Klan que via a chance de voltar ao antigo protagonismo
racista do século XX com a nova vestimenta de “supremacistas brancos”, uma
expressão tão incorreta quanto a sua aplicabilidade. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Tanto por que o ódio
racial não difere em nada do sentimento que desde a Guerra da Secessão (1861-1865)
e durante o século XX, mesmo após o fim do escravismo no sul dos Estados Unidos,
perdurou nos corpos e mentes de parte da população branca estadunidense. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Como uma claraboia que se
abre diante de uma oportunidade, o racismo voltou à tona fomentado por um
presidente que abriu outras claraboias de ódio como o xenofobismo e o
nacionalismo imperialista. O discurso de Donald Trump de “primeiro os Estados
Unidos”, soa como uma imitação chula e de mau gosto da Doutrina Monroe (“A
América para os Americanos”). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Apesar do imperialismo
americano nunca ter deixado de ser prato do dia na Casa Branca, os oito anos de
Obama aumentaram a insatisfação de parte da população que viu em Trump a chance
de retomar algumas mudanças, bem como derrubar alguns avanços nas “políticas de
bem estar social”, como o Obamacare. E é para esta parcela de insatisfeitos que
Trump afinou seu discurso de Direita xenófoba e tenta “governar” somente para
essa parcela de eleitores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em 1859, quando os Estados
Unidos ainda possuíam a escravidão latente no Sul e este era motivo de um embate
tanto econômico quanto humanitário, o agricultor e abolicionista John Brown,
que acreditava no uso da violência para libertar os escravos do Sul reuniu 23
pessoas (incluía três filhos, dois genros e somente cinco negros) com o intuito
de saquear o depósito de armas federais em Harper Ferry (Virgínia). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Seu objetivo era após tomar
as armas seguir distribuindo-as pelo interior da Virgínia para os escravos das
fazendas próximas e daí lutarem contra os fazendeiros escravagistas. Após a
invasão, que durou 36 horas, John Brown enviou seis homens às fazendas das
proximidades do depósito de armas para que libertassem os escravos e fizessem
reféns os escravagistas. Mas a insurreição de escravos que Brown planejou não
aconteceu. Um exército composto por escravagistas, milicianos e marines,
comandados pelo Coronel Robert E. Lee dizimou o sonho de Brown. Preso, foi
condenado a forca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">159 anos depois, o estado da
Virgínia foi palco de outro combate, desta vez racistas contra ativistas
antirracismo, iniciada com a marcha dos racistas no dia 11 de agosto de 2017 e resultando
na morte de Heather Heyer (de 32 anos) no dia seguinte, atropelada pelo racista
da Vanguard America James Fields Junior (20 anos), deixando ainda 19 feridos. Esse
embate teve como fagulha uma estátua do General Robert E. Lee, o mesmo que
quando Coronel fazendo parte do exército da União conseguiu capturar John Brown
e seus 22 homens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A estátua do Gal. Robert E. Lee, de acordo com uma lei local
não condiz com a realidade dos dias atuais, portanto deveria ser retirada,
sendo um símbolo racista. No revisionismo histórico da lei local da Virgínia, a
figura do Gal. Robert E. Lee traz a memória o separatismo entre brancos e
negros e principalmente incentiva as posições racistas. Daí a contenda,
enquanto os racistas americanos querem a permanência da estátua e de outros
símbolos confederados como um passado de glória do Sul, os ativistas pró
direitos humanos e antirracistas querem o cumprimento da Lei, ou seja, a
retirada dos símbolos que lembram o passado escravagista e racista do Sul. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nos Estados Unidos de John
Brown e Robert E. Lee, o revisionismo histórico tem suas ironias e controvérsias:
John Brown é lembrado como um ativista da abolição e mártir da causa da
liberdade, mas também como o “primeiro terrorista dos EUA”; Robert E. Lee
passou a ser uma figura respeitada no Norte e no Sul, inclusive com a idealização
da Guerra da Secessão como um movimento para defender os direitos
constitucionais do Sul(chamada de “Lost Cause”) retirando a questão
escravagista da discussão, tornando Lee um nobre cavalheiro, esquecendo o seu
passado escravagista( tanto que Abraham Lincoln convidou-lhe para comandar
tropas da União e ele preferiu combater ao lado dos escravagistas do sul). No
fim, o revisionismo acabou abrindo novas feridas e trazendo à tona antigos
sentimentos que nunca morreram apenas estão ali adormecidos esperando o momento
certo de renascer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Referências bibliográficas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">EFIMOV at alii. História Moderna – As revoluções burguesas, vol. I, 2ª ed.
, Ed. Estampa, 1977.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">DAVIDSON, J. W. Uma breve história dos Estados Unidos – Trad. Janaina
Marcoantonio, 1ª ed. , Porto Alegre, RS: R & PM, 2016.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">SELLERS, C. ; MAY, H. </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">e MCMILLEN, R. Uma
realvaliação da história dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 1990. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-89364676491074319882016-04-27T02:31:00.000-03:002019-04-16T19:49:33.215-03:00 TRUMAN – UM CÃO, A SOLIDÃO E O FIM DA VIDA. <div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkvsI00mqFJzUR_oxxXTyHxXZ5-rBmaR2SBZJcjhDfTw13nHp1oAXySvycCRv1oHl-asg7BB_Qdn5icFfSddfu5CkyaBmQAjKkOK5jDOh3iuSGiILr44vVP_JgeAtI4odkIc8dAjlHYfE/s1600/truman+poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkvsI00mqFJzUR_oxxXTyHxXZ5-rBmaR2SBZJcjhDfTw13nHp1oAXySvycCRv1oHl-asg7BB_Qdn5icFfSddfu5CkyaBmQAjKkOK5jDOh3iuSGiILr44vVP_JgeAtI4odkIc8dAjlHYfE/s1600/truman+poster.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Truman
filme do espanhol Cesc Gay (49 anos) é muito mais do que um filme sobre um
homem e um cão. É a película que fala sobre as decisões de um homem, JÚLIAN, diante
da morte. Interpretado pelo ator argentino RICARDO DARÍN, JULIAN tem câncer e
diante da morte resolve enfrentá-la frente a frente, o que causa estranheza aos
seus amigos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
seu melhor amigo, THOMAS, interpretado pelo ator espanhol JAVIER CÁMARA (ambos
já haviam trabalhado no filme anterior de CESC GAY,“O que os homens falam”(2012)
viaja para passar quatro dias com ele e com isso se despedir do amigo de
infância. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Estranhamente,
o cão chamado TRUMAN que dá nome ao filme é um coadjuvante e a busca por um
novo lar para TRUMAN é uma forma de planejar, também, com quem seu cão deve
morrer já que se encontra também velho. Essa observação não é para diminuir o valor de TRUMAN no filme, mas para que o expectador não vá em busca de mais um filme sobre o homem e o cão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">JULIAN
então começa uma viagem, ou pelo menos como ele mesmo fala passa a planejar a
“viagem” acompanhado por THOMAS e pela amiga PAULA, DOLORES FRONZI. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Desde
a chegada de THOMAS, JULIAN com suas ações demonstra que não quer dar trabalho
para ninguém no dia de sua “viagem” e através da preocupação de encontrar um
novo lar para TRUMAN busca, também, uma preparação para a sua “viagem”, ou seja, tanto ele quanto TRUMAN estão em busca de um novo lar, ele com a aceitação de sua morte e TRUMAN com o "afastamento" de seu dono e sua nova vida com um novo dono. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Da
mesma forma que não quer dar trabalho pra ninguém com sua suposta morte ou
sofrimento, JULIAN também não quer sofrer, para isso demonstra o tempo todo que
ele tem a direção de sua vida e que apesar da doença é ele e não ela quem vai
decidir quando ele vai partir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
filme faz nos refletir sobre a solidão no fim da vida, como nos separamos de
nossos velhos e bons amigos, como a amizade salva e consolida a vida de uma
pessoa, mas principalmente a forma de JULIAN deparar-se com a morte nos leva a
pensar se realmente é possível preparar-se para ela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
amizade entre JULIAN e THOMAS é um outro ponto de destaque do filme, pois mesmo
não concordando inicialmente com o comportamento do amigo, THOMAS aos poucos
vai cedendo e sendo convencido de que JULIAN tem razão na sua forma de pensar e
aceitar a sua “viagem” da forma como ele a aceita. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">As várias situações
envolvendo este tema é o ponto principal do filme. </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mostra
que amigos, independente de suas ideias, de suas crenças, diante de uma
verdadeira amizade aceitam o outro amigo como ele é. Assim THOMAS acompanha em
quatro dias o planejamento de JULIAN em decisões diante da morte. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">TRUMAN, seu
cão, é o seu fiel parceiro e JULIAN demonstra o tempo todo a preocupação em
deixar seu parceiro em local onde ele possa ser tratado da melhor forma, ou
seja, da mesma forma como ele o trata. São memoráveis as cenas em que JULIAN e
TRUMAN tem que se separar e a forma como JULIAN acaba colocando defeito em
todos os candidatos a “novo dono” de TRUMAN.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">DARIN
nos traz um JULIAN seco, sarcástico, ateu mais espiritual(ou espirituoso?), um
homem que quer ser perdoado e perdoar, que quer redenção, mas também quer ir na
sua viagem sem levar nada a não ser suas próprias crenças. <o:p></o:p></span></div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-55064036429421286262016-01-18T20:52:00.000-02:002019-04-16T19:49:56.880-03:00SOMOS TODOS CHARLIE HEBDO? <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<h2 style="text-align: justify;">
</h2>
<div style="text-align: left;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4UzhuWkcWEF4yqKRdB8ficgXIitEi0KmI_bDtAxHGFS2p-tIjbaxwEjduN-RPc5v69pg67QOGhZ0IMkLLD7ou94xX5GCgxmEes2xqzQ9k7vX-qSS-FLslYEuFJEnixuRouO28GXVKxvw/s1600/CHARLIE+HEBDO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4UzhuWkcWEF4yqKRdB8ficgXIitEi0KmI_bDtAxHGFS2p-tIjbaxwEjduN-RPc5v69pg67QOGhZ0IMkLLD7ou94xX5GCgxmEes2xqzQ9k7vX-qSS-FLslYEuFJEnixuRouO28GXVKxvw/s1600/CHARLIE+HEBDO.jpg" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGAHJr9fZvaLTQKVHZywIiHLgFF2-qhc9cEYip2uWfWChHyEEcws2SrBMQiIVye31bK-B6dZmlIhZa_Qf6qoSyyQ0Gqrb_IHF0CATnZxkfAusNWv0FwLKiNYTpbxnyob0SXdFn14NCh2k/s1600/DESENHO+DA+RAINHA+RANIA+DA+JORDANIA+SOBRE+AYLAM.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: inherit; font-size: large;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGAHJr9fZvaLTQKVHZywIiHLgFF2-qhc9cEYip2uWfWChHyEEcws2SrBMQiIVye31bK-B6dZmlIhZa_Qf6qoSyyQ0Gqrb_IHF0CATnZxkfAusNWv0FwLKiNYTpbxnyob0SXdFn14NCh2k/s640/DESENHO+DA+RAINHA+RANIA+DA+JORDANIA+SOBRE+AYLAM.jpg" width="640" /></span></a></div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%; text-align: justify;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%; text-align: justify;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<h3>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14pt; font-weight: normal; line-height: 115%;">Desde a segunda Guerra
Mundial não se tinham notícias de uma onda migratória tão grande para Europa
como se tem notícia após o início da “Primavera
Árabe”, ou seja, uma série de manifestações e protestos que tomaram conta
do Oriente Médio e do norte da África a partir de dezembro de 2010. Essas manifestações
mudaram totalmente as perspectivas políticas, econômicas e a geopolítica
mundial.</span></h3>
<h3>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Diferente das manifestações
de rua brasileira, o que se viu na região foram deposição de governos, guerras civis,
revoluções, reestruturações políticas, econômicas, geopolíticas e crises
sociais.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há ainda muitas regiões em
conflito. A Síria é um exemplo de país onde as mudanças oriundas da Primavera
Árabe ainda não terminaram. O conflito iniciado em janeiro de 2011 através de
manifestações populares, utilizando-se, inclusive, as mídias e as redes sociais
buscava inicialmente liberdade de imprensa e a defesa dos direitos humanos, o
fim do regime Bashar Al Assad, com a
proposta de uma transição de regime.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ocorreram manifestações em
frente ao Parlamento Sírio e embaixadas estrangeiras, tendo como resposta do Presidente
Bashar Hafez al-Assad a utilização da
violência através da policia e exército,
buscando reprimir e parar as manifestações, o que não conseguiu.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O acirramento da guerra
civil ocorreu após março de 2011, quando parte dos oficiais do exército sírio
desertaram, dando início a formação do Exército Sírio Livre, passando este
último a ocupar parte da Síria. A guerra civil alastrou-se pelas cidades
tomadas pelo Exército Sírio Livre e quem mais tem sofrido desde o início da
guerra são os civis que são vítimas de ambos os lados.</span></span></h3>
<h3>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Atualmente a Síria se
encontra dividida em áreas “ocupadas” pelo Governo do Presidente Bashar Hafez al-Assad, Exército Sírio Livre, Estado
Islâmico, Unidades de Proteção Popular(Forças Curdas), Frente Al-Nusra e a
Oposição Síria.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
história da família Kurdi é uma das tantas de imigrantes sírios que tentaram
fugir da guerra e chegar à Europa. Pode ser também um resumo da dor de outros
que fogem de seu país de origem, buscando ajuda humanitária em outros países.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Em
04 de setembro de 2012 Abdullah Kurdi,
juntamente com sua mulher Rehanna e seus filhos Aylan(três anos) e Ghalib(cinco
anos) tentaram chegar a Europa através do Mar Egeu em um barco com condições
precárias( e que lhe custou R$ 16.500,00 pago a um traficante), com destino às ilhas Kos na Grécia e posteriormente
Canadá.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
família já havia presenciado a guerra em Damasco fugiu para uma cidade próxima
a Kobane e quando eclodiu a guerra em Kobane entre o Estado Islâmico e as Forças
Curdas buscou a Turquia.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A família
Kurdi não possuía qualquer documentação que comprovasse a sua “saída” da Síria,
evidentemente, que em condições de guerra a busca de um novo país pra viver e
receber cidadania se tornam mais difíceis. E a Turquia não lhes deu cidadania,
ao contrário, as regras impostas àqueles que fogem da guerra sinaliza para que
vivam pelo menos um ano com liberdade de locomoção, mas para isso teriam que
ter passaportes sírios, o que a família Kurdi nunca teve.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Assim,
sem a comprovação de sua “saída” da Síria documentada através de passaportes e
vivendo irregularmente na Turquia não restou alternativa à família Kurdi a não
ser tentar chegar a Europa através do mar. O final foi trágico,
morreram 12 pessoas na travessia, outra embarcação também teve fim trágico. E Abdullah
Kurdi perdeu seus filhos e sua mulher.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A imagem
de Aylan Kurdi( ou Alan) rodou o mundo e chamou a atenção para a ajuda
humanitária para a região bem como para a discussão sobre a questão migratória
que assola a Europa e que é hoje um dos temas mais contundentes tanto para a
saúde interna do continente quanto para a geopolítica internacional.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Depois
de toda a comoção que tomou conta das redes sociais e a discussão pelos órgãos internacionais
de direitos humanos, o jornal francês CHARLIE HEBDO lançou em seu último número
uma charge que mostra dois homens correndo atrás de duas mulheres, com a frase:
"Migrantes: no que teria se transformado o pequeno Alan se tivesse
crescido?". E abaixo a resposta: "Apalpador de bundas na
Alemanha".<br /> <o:p></o:p></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Lembramos
que em 07 de janeiro de 2015 o Charlie Hebdo foi vítima de um ataque por homens
armados que resultou na morte de 12(doze) pessoas. O ataque “terrorista” ao
jornal levou a comoção internacional e as várias mídias com a hastag #jesuischarliehebdo
espalhou-se pelo mundo dando apoio ao que o jornal diz ser “liberdade de
imprensa”.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há
de se lembrar de que o ataque ao Charlie Hebdo se deu devido a uma charge onde ridicularizava
o profeta Maomé o que, também, não justificava o ataque e nem às mortes das
doze pessoas.<br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
publicação do Charlie Hebdo refere-se à noite do dia 31 de dezembro de 2015, na
cidade de Colônia, Alemanha (que registrou no ano de 2015 1,1 milhão de pedidos
de asilo) quando cerca de 1.000 pessoas se aglomeraram próximo a Estação
Central de trens de Colônia. Houve no réveillon de Colônia ataques a mulheres e
crimes sexuais registrados pela polícia nas imediações da Estação Central. </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Na
maioria das acusações de crimes sexuais, as mulheres acusavam “imigrantes”, com
as características de árabes ou norte africanos. </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14pt; line-height: 21.4667px;"> </span></span></h3>
<h2>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14pt; font-weight: normal; line-height: 21.4667px;"><br /></span></h2>
<h3>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">E o
que </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">AYLAN KURDI</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">, tem a ver com os “apalpadores de bunda” da Alemanha? O jornal
Charlie Hebdo (se é que podemos chamá-lo assim) extrapola o nível do que é
aceitável em relação aos direitos humanos. Sua posição em nada acrescenta ao
debate emigração/xenofobia, ao contrário, inflama uma parte da direita em países
europeus que veem os imigrantes como a “peste negra” do século XXI.</span></span></h3>
<h3>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
rainha Rânia da Jordânia nos dá outra alternativa para a publicação feita pelo Charlie Hebdo referente ao "futuro" de Aylan, bem diferente da visão xenófoba do Charlie Hebdo, ela divulgou o desenho do caricaturista jordaniano Osama
Hajjaj, respondendo a pergunta: No que teria se transformado o pequeno
Aylan se tivesse crescido?". Ela responde: "Aylan poderia ter
sido médico, professor ou um pai carinhoso".<br /> <o:p></o:p></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></span></h3>
<h2>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14pt; font-weight: normal; line-height: 115%;">Até
onde “isso” que o Charlie Hebdo pratica deve ser estimulado? Somos todos mesmo
Charlie Hebdo ou somos um monte de Aylans enterrados com a cara na areia
mortos, desterrados e sem esperança nenhuma na humanidade?</span></h2>
</div>
<div style="text-align: right;">
</div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-70377116206133292592016-01-11T21:24:00.001-02:002019-04-16T19:50:19.451-03:00QUE HORAS ELA VOLTA? A Hipocrisia da ascensão social brasileira. <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu1xAIgpSqGatAqRe2InfJpeuXyKUMEtcuUmbUIk_pn9vBbztE73rrDD-15RUG1fRijrLGGfTzcZ138r1QcBgw-X7uDRwy-wZgEv4U2EVV-y93iJIjmaQabfw54eAuEQfrOhu3DZysO6A/s1600/1781_capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu1xAIgpSqGatAqRe2InfJpeuXyKUMEtcuUmbUIk_pn9vBbztE73rrDD-15RUG1fRijrLGGfTzcZ138r1QcBgw-X7uDRwy-wZgEv4U2EVV-y93iJIjmaQabfw54eAuEQfrOhu3DZysO6A/s640/1781_capa.jpg" width="435" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<h4>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14pt; font-weight: normal; line-height: 115%;">O filme “Que horas ela
volta?” de Anna Muylaert traz a tona a discussão de como a ascensão social
em nosso país é considerada ainda uma anomalia. O filme mostra uma família de
classe média onde as relações internas estão bem delineadas, além de mostrar
que a ascensão das mulheres após saírem de casa, dependeu também de que outras
mulheres, que em busca da mesma liberdade trocaram seu “lugar” em troca do
trabalho e uma melhora de vida.</span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No filme a empregada
doméstica, VAL (interpretada por REGINA CASÉ) que migrou de Pernambuco para São
Paulo(como tantos outros nordestinos) é
empregada doméstica da residência onde moram uma família de classe média
composta por um pai que não sabe ainda que perdeu o poder da família
patriarcal, uma mãe que é uma das facetas da mulher emancipada e que trabalha e
conduz a família e um filho mimado que tem todas as suas vontades feitas pelos
pais.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Parece uma descrição simples
de uma família, mas não é. A personagem VAL é colocada o tempo todo contra o
que acredita como verdade. E não estamos falando de uma “posição social” o que
fica claro em seu comportamento, mas algo já consciente em nossas relações
sociais onde cada um sabe onde ocupa seu espaço, claramente, uma herança das
relações escravagistas e que perduram no inconsciente do brasileiro.</span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Assim, VAL o tempo todo
percorre o filme em seu “quadrado”: cozinha, quartinho de fundos, área externa
e “naturalmente” é expurgada de outros cômodos da casa, ficando às claras como
são as relações de força, e, como se desloca em sua “senzala particular”. De
uma forma onde se acostumou ou foi “enquadrinhada” em “seu” espaço de forma que
seu corpo amolda-se completamente às suas funções na casa.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Da mesma forma que Val
demonstra que a sua ascensão social se deve ao seu amoldamento às sua funções
na casa, a sua patroa, BARBARA, interpretada por Karine Teles, deixa claro que
as mulheres com sua emancipação viraram o jogo dentro das regras antes
patriarcais deixando claro que assumiram a direção tanto financeira quanto de
chefia de famílias (mesmo que o seu marido, CARLOS, interpretado por Lourenço
Mutarelli ache que quem “manda” ainda seja ele).</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas a questão não se coloca
na luta feminista e nem sobre a emancipação da mulher o filme deixa claro o
abismo existente nas relações sociais brasileiras e como elas ainda estão
imbricadas das relações anteriores da CASA GRANDE X SENZALA. Assim, VAL deixa
claro em determinado momento que ninguém ensinou a ela o seu “lugar”, como ela
mesma afirma: “a gente já nasce sabendo”.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se o comportamento do
brasileiro sempre se diferenciou da “casa” para a “rua”, a casa sempre foi um
local onde o poder emanava de uma hierarquia que já vinha datada. Val sabe
muito bem por onde deve se deslocar da mesma forma, o que comer. E sabe que não
deve comer o que os seus patrões comem e que quando lhe oferecem algo é por
“educação”, e que ela deve dizer não.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O filme soa atemporal. Sua
atemporalidade está na questão da emigração Nordeste – São Paulo, bem como na
cinemática dos corpos dentro da casa. São dois itens que o coloca em qualquer
época depois dos anos 90 do século XX, ou até antes.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As relações já delineadas e
postas são questionadas com a chegada de JÉSSICA, filha de VAL que vai para São
Paulo tentar o vestibular de Arquitetura. Assim, o que antes soava como
impossível, uma nordestina pobre pensar em ser arquiteta, vira um
possibilidade, ínfima para a família burguesa que vê com assombro o
comportamento da filha da empregada e desdenha de seu sonhos que se confrontam
diretamente com o comportamento de FABINHO que, diferente de JÉSSICA, terá
muitos mais chances de ascender socialmente.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O vestibular é o liame ou a
encruzilhada onde JÉSSICA se envolve para buscar uma vida melhor. É claro que
há outras forma de empoderamento e ascensão das classes proletárias, mas o
filme mostra que o conhecimento, ou acesso ao conhecimento, pode emancipar
parte da juventude pobre. Mas não é só através do vestibular, mas este não é um
caso de discussão neste texto.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">JÉSSICA diferente de VAL
desconhece as regras da casa, não se comporta como empregada, apesar de ser
“filha de”, não reconhece a diferença do “sorvete da empregada” para o “sorvete
dos patrões”, não se reconhece na mãe e soa para a família burguesa arrogante e
grosseira. Mas como ser diferente? O seu corpo não foi docilizado como o da sua
mãe, e, diante do que havia aprendido em sua escola e inspirada por um
professor de história acredita que tem possibilidade de “disputar” o mesmo
espaço com os filhos da burguesia.</span></span></h4>
<h4>
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /> </span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O melhor do filme é essa
construção de como os corpos ocupam determinados espaços e ficam claro que a
ascensão social em nosso país mudou após a abertura política, fim da inflação e
que muitas conquistas têm seus dois lados (no caso a luta feminista) ou fazem
parte da mesma página, no fim é um chute no estômago e na hipocrisia brasileira
que teima em dizer que “a empregada faz parte da família”. Não, não faz. </span></span></h4>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-17679294656424644292014-08-29T01:32:00.001-03:002019-04-16T19:50:36.890-03:00O GOLEIRO “ARANHA” NÃO É MACACO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3U3h82hMGrwzAPDlNNHAnLA8aJMo9jPVCCtLQZXuAa7scMH56SMjUV-my1lzqDTH2AyMl1SwaUu80C_pm5-oyXteu6ECA6qQDsJNc4AYI7BuMt5qTsgvGnCC-LAYnCdzyctbEWiFVl5o/s1600/goleiro_aranha_santos_futura-press.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3U3h82hMGrwzAPDlNNHAnLA8aJMo9jPVCCtLQZXuAa7scMH56SMjUV-my1lzqDTH2AyMl1SwaUu80C_pm5-oyXteu6ECA6qQDsJNc4AYI7BuMt5qTsgvGnCC-LAYnCdzyctbEWiFVl5o/s1600/goleiro_aranha_santos_futura-press.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Goleiro Aranha do SANTOS</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Mais uma vez o esporte é invadido
pela visão distorcida de “torcedores” (será que podem ser chamados assim?) que
se acham mais importantes que outros ou melhores por causa da sua cor da pele ou até localização geográfica? O
esporte sempre foi um bom exemplo de como as diferentes formas de organização
de nossa sociedade se juntam,formando um amalgama quase único. Pois, quando
vestidos com a mesma “camisa” do time e juntos torcendo, ninguém pensa em si ou
pelo menos o seu corpo não está sozinho em relação aos outros. O corpo de um
torcedor não é dele, forma um organismo maior chamado torcida e aí tudo vale: gritos, urros, xingamentos, vaias, etc. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Mas essa cinemática de corpos
embalsamados por uma “camiseta” da mesma agremiação formando um corpo único: a
torcida, pode às vezes, conter pessoas que conseguem expor seus pensamentos,
frustrações e mesmo utilizar de suas subjetividades e preconceitos para se
enaltecerem em cima do “outro”. E este “outro” deixa de ser aquele que pode
responder com os mesmos movimentos do corpo e da “massa”, esse “outro” passa a
ser molestado não por pertencer a uma agremiação, a um time, a uma torcida, o “outro”
torna-se um inimigo que será atingido em sua dignidade e honra pessoal. No caso
o futebol tem nos mostrado essa faceta ridícula e infame onde os
preconceitos são chamados à baila para
ofenderem o “outro” seja pela sua etnia, raça, posição social, etc. Mas a mais
comum nos últimos tempos é a Injúria Racial. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">No jogo entre Grêmio X Santos, na
Arena Grêmio, pela Copa do Brasil, em 28 de agosto de 2014, às 20 horas, repetiu-se
a cena de pessoas emitindo sons e se coçando como macacos para ofender o
goleiro do Santos, o Aranha. Neste caso não houve Bananas, como o ocorrido com Daniel
Alves, no Barcelona, o nosso Aranha teve que engolir a seco os xingamentos e a
mímica imbecilizante, mas de forma forte e firme bateu nos pulsos mostrando que tinha
orgulho do sangue que corre em sua veias e o árbitro ao invés de fazer algo,
pelo menos diminuir a dor do arqueiro(como nos velhos tempos) ainda o chamou a
atenção falando que ele estava incitando a torcida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Em entrevista o Aranha disse que aguentou “tranqüilo” os xingamentos que são normais no futebol, mas quando começaram a
lhe chamar de “PRETO FEDIDO” e “CAMBADA DE PRETOS” e depois imitarem macacos
ele não mais aguentou e correu pedindo que um repórter fotográfico filmasse a
cena, apontando para as pessoas e “um cara de preto”, mas quando o cinegrafista
virou a câmera eles já não faziam mais o gesto. O goleiro ficou indignado e o
jogo retornou logo depois.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">As reportagens que se seguiram
causaram mais incômodo do que vontade de responder ao ocorrido no campo. Um dos
representantes do Grêmio estava mais preocupado em falar da expulsão do técnico
FELIPÃO do que do ocorrido com o goleiro Aranha. Demonstrando total falta de
compostura, dizendo que se identificando o torcedor ele seria punido, mas como?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Na verdade há uma confusão
conceitual na forma da imprensa se portar em relação ao crime de Injúria
Racial. Na hora, no momento do “evento” o que vemos os repórteres falarem é a
palavra Racismo, há uma grande diferença entre o crime de Injúria Racial e o racismo.
Primeiramente a Injúria qualificada, no caso e é quando alguém é ofendido
quanto a sua dignidade ou decoro, significa injuriar alguém utilizando para
isso subjetividades ou elementos quanto a sua cor, raça, etnia, religião,
origem, ou pessoa idosa ou ainda portadora de deficiência. No caso do goleiro
Aranha do Santos é denominada Injúria Racial (Art. 140, parágrafo 3º do Código
Penal). Quanto ao racismo, previsto na Lei 7716/89 é quando alguém deixa de
galgar determinado direito impedido pela sua raça ou cor, sendo imprescritível
e inafiançável, enquanto a injúria tem pena de reclusão de um a três anos e
multa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Mas a minha didática em explicar
a diferença penal é mero caso ilustrativo para diferenciar a forma de como nós
pensamos em relação aos pré-conceitos formados em grande parte da nossa História,
quase de forma sigilosa ou travestida pelo “mito da democracia racial”, não
somos esse caldeirão de misturas étnicas que “deu certo”. Há muitas frentes e
fronteiras para serem abertas e muitas feridas que ainda sangram, apesar de que
para alguns isso é pura mentira, pois “tem amigos pretos ou sua empregada é
preta”. Fico aqui com as palavras do nosso Grande Goleiro do Santos Aranha: “EU
SOU NEGÃO... TENHO ORGULHO DE SER NEGÃO!”. Eu também Aranha... Eu também... WS</span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><b>OBS: Utilizei
a alcunha de “ARANHA” intencionalmente, seu nome é Mário Lúcio Duarte Costa.</b></span></div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-4744824087208373182013-11-05T20:57:00.002-02:002019-04-16T19:50:55.789-03:00ELEIÇÕES 2014: SOPA DE LETRINHAS <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqgzp7k-tXohwL4TaScBQ33eMbQXcX6SrZ1eA4CKjngoV-XanG4ch1PNDY56_UJeq0M0ctcd5AUhJWb34DxfQAnV-yv7SHHpztwC4CNHNajt7LCv-cCeZ6HxZ10X4LiK7-rTH1ObIyAZE/s1600/Sopa+de+Letrinhas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqgzp7k-tXohwL4TaScBQ33eMbQXcX6SrZ1eA4CKjngoV-XanG4ch1PNDY56_UJeq0M0ctcd5AUhJWb34DxfQAnV-yv7SHHpztwC4CNHNajt7LCv-cCeZ6HxZ10X4LiK7-rTH1ObIyAZE/s400/Sopa+de+Letrinhas.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="usercontent"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Interessante e
instigante as movimentações sobre as eleições de 2014. Mesmo que o Governador
critique a antecipação do debate eleitoral, não há como prever no tabuleiro
atual como acabarão as alianças em torno do governo e a manutenção da base
aliada que o elegeu. A política capixaba há muito convergia entre um ou outro
grupo e atualmente há uma diversidade mais baseada em uma nova divisão
geopolítica, mesmo que os personagens não tenham mudado tanto. Ass</span></span><span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">im, o PT que tem no plano nacional aliança com o PMDB aqui
está, até agora, na base aliada do Governo. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Embora o Presidente
Estadual do partido não descarte nada, ou seja, vai aguardar as movimentações
para que possa dizer para onde o partido irá em 2014. O PR de Magno Malta aqui
no ES oferece palanque para a reeleição de Dilma e claro pretende lançar seu
próprio candidato ao Governo do Estado. O PMDB pensando em uma candidatura
própria, por enquanto fala em Ricardo Ferraço para 2014 e já abandonou a base
aliada do Governo Estadual, apesar das permanências dos Secretários de
Transportes e Obras Públicas e o Chefe da Casa Civil nos cargos e da saída
anterior do Presidente da CESAN. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ao que tudo indica
Dilma teria, no tabuleiro eleitoral de hoje, dois palanques diferentes no
Estado e ainda teria a “neutralidade” do Governador Renato Casagrande. Sobre a
antecipação do debate, discordo das opiniões que dizem que está cedo para que
haja as movimentações. A diferença das ultimas eleições para agora é que o
plano nacional vai influenciar sim as eleições estaduais, mesmo que os partidos
mostrem-se tão híbridos e tão parecidos programaticamente, os interesses
partidários convergem para uma mudança de personagens em 2014. Talvez algumas
figurinhas repetidas apareçam no álbum, mas por enquanto, nada está tão certo
que não nos coloquem espectadores atentos a outro “abril sangren<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7585822042241387249" name="_GoBack"></a>to". </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">PS: Abril Sangrento é como ficou conhecido o mês de abril nas ultimas eleições a Governador quando por influência de Paulo Hartung foi apresentado o candidato Renato Casagrande para Governador, quando a mídia esperava que fosse Ricardo Ferraço o candidato de consenso(foto). </span></span></span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-87010103290693663402013-11-05T20:35:00.002-02:002019-04-16T19:51:11.367-03:00UMA ASSEMBLEIA MUDA, CEGA E SURDA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span class="usercontent"><span style="font-family: "calibri";"><br /></span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUq2bKD5zLaFd6dY7AZc4j4WH8cf_0MRzDUbtwd4fogshYkdDTMpS-6qs99ORYb2rkKsk8BtVfH2LfSw90Khsd_2jCQeaOS3aDyXE9Cq0q5zi0mxizBWn3PecIZLUmgxANDl_127OcaIY/s1600/ALES.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="197" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUq2bKD5zLaFd6dY7AZc4j4WH8cf_0MRzDUbtwd4fogshYkdDTMpS-6qs99ORYb2rkKsk8BtVfH2LfSw90Khsd_2jCQeaOS3aDyXE9Cq0q5zi0mxizBWn3PecIZLUmgxANDl_127OcaIY/s400/ALES.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span class="usercontent"><span style="font-family: "calibri";"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: large;"><span class="usercontent">Há muito nossa Assembleia Legislativa já não ouve a
voz das ruas, a não ser quando a voz vem acompanhada de apitos, máscaras e
violência. A eleição do deputado Sérgio Borges é no mínimo incoerência. Condenado
pelo Tribunal de Justiça do Estado por improbidade administrativa, Sérgio
Borges (PMDB) ganha o cargo vitalício no Tribunal de Contas votado por 16, isso
m</span><span class="textexposedshow">esmo,
dezesseis deputados. Com a “desculpa” de que a condenação por improbidade não
pode ser considerada, pois ainda não foi transito e julgado em ultima instância
vê-se que as velhas artimanhas pelo poder no Espírito Santo continuam e que a
renovação que se pregava no Governo Hartung ou ao final deste, hoje não passa
de um “mais do mesmo”. </span> </span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: inherit; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-family: inherit; font-size: large;">Pior, fica claro que a ALES não quer nem saber do
que é a “opinião pública” e que esta não lhe dói nos ouvidos, nem sequer merece
ser consultada. Se há esse “claro” em nossa Constituição (a questão do transito
em julgado) é um fator que dever ser levado em conta na análise de cada
candidato ao cargo vitalício de Conselheiro do Tribunal de Contas. Ora, um
fiscal do nosso dinheiro tem que ter “ficha limpa” sim. Independente, se houve
ou não condenação em trânsito e julgado. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-family: inherit; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-family: inherit; font-size: large;">Por outro lado há de se considerar que o Cargo de
Conselheiro Vitalício do TC há muito vem sendo um “troféu” pela fidelidade de
algumas figuras políticas em nosso Estado a determinados grupos políticos, e é
claro a eleição de Borges de 65 anos e que ficará até aos 70 anos no TC leva a
uma nova configuração daquela casa e leva para o TC a contradição dos
Hartunguistas X Casagrandistas. Ou seja, não é simplesmente uma questão de
corporativismo interna corporis da ALES. É muito mais que isso e basta agora
aguardar os próximos capítulos que deságua em 2014, ou seja, nas próximas
eleições. </span><span style="font-family: "calibri";"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-69391320455915687462013-11-05T20:27:00.000-02:002017-06-17T16:45:59.217-03:00OS FATORES HARTUNG E MARINA <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4SOVxyMnSDZGjrAsKRsrS5Uye7_ULF-Jz-WEJwBmhN-HQMGBj9QRL41Vj4xPfkGsTygPEz2vT77sweRDpuPbQQ4cg74RfFCqTRyPlFgBw4vgoWMTSa2D3f4CVW_x5wiB8Rt6nsRhiMqA/s1600/PAULO+HARTUNG.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4SOVxyMnSDZGjrAsKRsrS5Uye7_ULF-Jz-WEJwBmhN-HQMGBj9QRL41Vj4xPfkGsTygPEz2vT77sweRDpuPbQQ4cg74RfFCqTRyPlFgBw4vgoWMTSa2D3f4CVW_x5wiB8Rt6nsRhiMqA/s200/PAULO+HARTUNG.jpeg" width="200" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuJ5iaSslvgNxvu0CAsKr9exk5nyH6VtPqehO5fFD6SZ_7Q879pkaJsvQ4tAako_RkxLpz_ycHnOdruXFhYpmyW6fJvtp3NLS3FzbXH4jFdJgZEzYaOb0PbV46f5qaSTB56I8nRs8ttKs/s1600/FATORES+MARINA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuJ5iaSslvgNxvu0CAsKr9exk5nyH6VtPqehO5fFD6SZ_7Q879pkaJsvQ4tAako_RkxLpz_ycHnOdruXFhYpmyW6fJvtp3NLS3FzbXH4jFdJgZEzYaOb0PbV46f5qaSTB56I8nRs8ttKs/s200/FATORES+MARINA.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial black"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "arial black"; line-height: 150%;">P</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">esquisas Eleitorais são um “Flash”
do momento político, trazendo para o dia-dia são a tabela do Brasileirão em
cada rodada. Ou seja, daqui a pouco quem estava fadado a ser jogado para a 2ª
Divisão, renasce e chega respirando sem a necessidade de aparelhos. Assim são
as pesquisas, mesmo que aponte rumos, são as preliminares ou o acompanhamento
do que está acontecendo, mas não é o resultado final, bem como podem ter
“influências” que pesam na valoração da analise dos resultados apresentados.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: arial; font-size: large;">A Gazeta política publicou hoje um flash do momento de
sucessão ao Governo Estadual e ao Senado(com uma vaga). Creio que na avaliação
dos dados faltou um fator: o fator Paulo Hartung (citado daqui em diante pela
sigla PH).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;">Caso PH seja candidato ao Senado Federal apoiando
Ricardo Ferraço como Candidato ao Governo Estadual e o Governador Renato
Casagrande mantenha-se em cima do muro para a eleição a Presidência, nada será
como antes, nem como pinta a Pesquisa da Futura.</span></span><br />
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;">É muito fácil colocar colocar um cenário sem atritos,
como se fossem sem influência, um com o outro, mas sabemos que não é. O
candidato ao Senado influencia a candidatura a Governador e vice-versa, bem
como o(a) presidenciável influencia a eleição a governador e vice-versa. Não há
como fugir disso, talvez seja um enigma político esse emaranhado de poder-poder
brigando em torno do próprio poder.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;">O Diretor da Futura em entrevista a Gazeta afirmou que:
“Considerando os números da pesquisa a entrada de Hartung mudaria o cenário da
eleição em primeiro turno para uma disputa apertada em segundo turno”. Isso ele
afirma pensando na possibilidade de PH candidatar-se ao Governo. Mas esquece-se
que PH já está trincheira, ou seja, caso candidate-se ao Senado e apóie Ricardo
Ferraço, fechando as feridas do “Abril Sangrento”, Ferraço ganhará “Capital
Político” e o 2º turno poderá ser Casagrande X Ferraço, com PH apoiando o segundo. </span></span><br />
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;">Enquanto Casagrande promete ficar em cima do muro em
relação a sucessão presidencial, pela pesquisa da Futura, fica claro que
novamente a oposição, diga-se Marina, caso seja a candidata pelo PSB/REDE, pode
ser um diferencial no ES e talvez em muitos outros estados em que a presença da
dobradinha PT /PMDB não seja bem-vinda. Pela pesquisa ela ganha no Espírito
Santo com tranqüilidade de Dilma, se eu fosse ela passaria pelo menos alguns
dias do Verão em nossas praias.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: large; line-height: 150%;">A sombra de PH e de Marina sobrevoam as eleições no ao
Governo e a Presidência da República, para Casagrande a opção de ficar “em cima
do muro” talvez não seja tão boa quanto parece...<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 3.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-6738189226814252222013-11-05T20:14:00.001-02:002017-06-17T16:48:06.230-03:00 A ODISSEIA DE MARINA <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdPhwI_T-cd8gy9T4-ehJRP_XoSV6L9lFic_NzR3PG9N5q6_9-RcndxaVuKF1t8OSfwnObnYlNBO5U33nLBLcW384JaKJu41pV_OFzOXeeZRunbe-HsEx-s4A__oL408XnrN-xLL1NqJU/s1600/a+odisseia+Marina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="503" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdPhwI_T-cd8gy9T4-ehJRP_XoSV6L9lFic_NzR3PG9N5q6_9-RcndxaVuKF1t8OSfwnObnYlNBO5U33nLBLcW384JaKJu41pV_OFzOXeeZRunbe-HsEx-s4A__oL408XnrN-xLL1NqJU/s640/a+odisseia+Marina.jpg" width="640" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<span style="font-size: medium;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: small;"><span class="usercontent"><span style="font-size: large; line-height: 115%;">Um dos assuntos me chamou a atenção nessas ultimas semanas foi a odisseia da Ex-Senadora Marina Silva para registrar o REDE
Sustentabilidade. Enquanto nasceram dois novos partidos o PRÓS e o
Solidariedade, sem nenhuma novidade quanto a projetos políticos nem inovação
nenhuma em relação a nomes e candidatos, nem propostas ideológicas, bem como
projetos políticos que sã</span></span><span class="textexposedshow"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">o iguais a outros
“projetos” de partidos já maduros em nossa política eleitoral. </span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: medium;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: small;"><span class="textexposedshow"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></span></span></span>
<span style="font-size: medium;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: small;"><span class="textexposedshow"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">Nasceram já se
articulando junto ao governo e com o objetivo de conseguir a maior quantidade
possível de políticos com mandato, “candidatos de peso”, bem como a busca de
quadros que façam engordar os repasses para os partidos vindos da Viúva. </span></span></span></span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">O jogo político
atual de fundação e articulação de novos partidos não enriquece em nada a nossa
Res publica, ao contrário, é o “mais do mesmo”. É nada mais que a reprodução do
poder político por aqueles que já estiveram ou que querem rearticular as
forças, mas sem inovar em propostas e nem em conjunturas. </span></span><br />
<span style="font-size: medium;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="font-size: medium;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Enquanto o REDE da Marina que tinha querendo ou não uma proposta ideológica, bem como um novo formato de propostas para o Brasil, outros partidos que reproduzem as mesmas forças políticas que se entranharam no poder nesses 25 anos de Constituição Cidadã irão receber dinheiro da Viúva para não mudarem nada do que está aí. Ao contrário, para que nada mude mesmo. Que país é este em que se reproduzem cada vez mais partidos políticos de aluguel e onde algo que brota de fora da "mesmice" partidária não consegue florescer?</span></span></div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-50067602614680674442013-01-22T23:43:00.000-02:002019-04-16T19:51:59.068-03:00VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE E O PAPEL DOS MUNICÍPIOS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCJvKhqQZraV-Kud1i803uT2c0rXzds0gwp42FOuiwXum0JOqRATUb8lRHRASB07UnQTrtkXH14D3gRkGr8h9KhPYJH_zgxRMG-I_JZLJHOI1upjioXXZcMCboqHxvnB-kQHW0NgPBlNk/s1600/Viol%C3%AAncia+urbana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="411" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCJvKhqQZraV-Kud1i803uT2c0rXzds0gwp42FOuiwXum0JOqRATUb8lRHRASB07UnQTrtkXH14D3gRkGr8h9KhPYJH_zgxRMG-I_JZLJHOI1upjioXXZcMCboqHxvnB-kQHW0NgPBlNk/s640/Viol%C3%AAncia+urbana.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">No Brasil, há muito tempo, a
questão da violência vem tomando a agenda pública e se colocando como um
desafio para cada gestor, em qualquer nível da federação. Não mais dá para
dizer que é função do governo estadual as intervenções na questão da violência
e da criminalidade. Aliás, esse mantra muito dito na década de 80, após 88 vem
caindo por terra, pois como em qualquer federação, hoje o município é um ente
federativo autônomo, ou seja, o prefeito é autoridade soberana em sua
circunscrição, bem como os outros níveis de governo, Estadual e Federal
(União). (ARRETCHE, 2000:47).</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Essa autonomia que no nível
de gestão coloca o prefeito e os demais gestores municipais como os maiores
responsáveis pelas políticas de prevenção da violência e da criminalidade. É no
município, no dia a dia do cidadão que ele pode avaliar o atendimento ou não
aos seus anseios oriundos dos serviços prestados pelo Estado. É no nível
municipal que, também, pode-se avaliar e monitorar cada política de forma a
cumprir com determinado objetivo oriundo da aplicabilidade de determinada
política pública.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">É no município que os
programas de prevenção à violência se tornam capazes de atingirem seus
objetivos, devido à proximidade com a população, a gestão da violência, sim
existe uma gestão que compreende a violência, deve ser realizada com a conexão
de secretarias, onde serviços de ação social, urbanização, iluminação,
prevenção às drogas na escola, prevenção à saúde do trabalhador, entre outras
sejam conectados e monitorados, visando à melhora de vida da população de um
determinado território. Território aqui “(...) representa o chão do exercício
da cidadania, pois cidadania significa vida ativa no território, onde se
concretizam as relações sociais, as relações de vizinhança e solidariedade, as
relações de poder.” (KOGA, 2011:33). </span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Os territórios a que me
refiro devem ser analisados de forma a mostrarem congruência em uma ocupação de
espaço e não desigualdades, assim a análise deve ser feita a partir de quem
ocupa e como ocupa o espaço, não como áreas administrativas e divisão geográfica
que em nada ajudam a compreensão dos indivíduos que vivem em determinado
espaço. O território é então compreendido a partir do seu uso e juntamente com
aqueles que o ocupam e utilizam (SANTOS, 2000:22).</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Por isso é grande o desafio
do gestor municipal ao destinar políticas de prevenção à violência para as periferias,
pois elas não devem ser direcionadas tendo como objetivo um território
homogêneo, ao contrário, com a participação da população e com a interconectividade
entre as secretarias, deve-se buscar a compreensão de cada “pedaço” para que
realmente a política possa atingir os objetivos propostos pelo governo
municipal, bem como atender aos anseios da população. Sendo assim evitam-se
problemas de não compreensão da população por determinada política pública que
não atende aos seus anseios.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Quanto ao município ser o
principal artífice da prevenção da violência deve-se ao fato de que as
principais instituições mais próximas à população estão nesse nível de gestão,
principalmente as escolas, fruto de um processo de descentralização que vem
ocorrendo desde os anos 90 do século passado. Da mesma forma, o acompanhamento
da saúde da população, bem como a ações de assistência social, são melhores
monitoradas junto à população quando os programas são diuturnamente monitorados
e tem uma base sólida e metodológica que permite a aproximação com o público
alvo, dando feedback constante a ponto do gestor poder redimensionar os objetivos
e metas a cada insucesso ou incongruências na implementação dos programas ou projetos.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">No espírito Santo, um
desafio que se coloca para os prefeitos é o controle ou diminuição do número de
homicídios. Não que esta demanda seja totalmente do ente federativo municipal,
mas para a população esta demanda, também é do Prefeito. A maioria das ações
que vem sendo implementadas nesta área são a implementação das Guardas municipais
e o videomonitoramento. Mas essas duas ações devem ser acompanhadas de uma
especialização cada vez maior das Guardas no controle e fiscalização do
trânsito, bem como na prevenção da violência e da criminalidade. Esta especialização
da Guarda amplia o atendimento a população, bem como produz uma maior
capacidade das polícias de atendimentos a mesma população. É com a complementaridade
das ações que se pode diminuir e controlar a violência e a criminalidade e não
com a segmentação e falta de conectividade.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Este controle deve ser
compartilhado pelos entes federados, como vem ocorrendo, com programas
descentralizados que são em parte demanda da União, bem como do nível Estadual.
Ao analisarmos os números de homicídios por municípios dos últimos dez anos vêm
ocorrendo uma diminuição do número de homicídios, inclusive na metrópole, e,
consequentemente a inclusão de novos territórios em aumento de violência, bem
como manutenção em outros de níveis bem baixos e alguns até com nenhum homicídio
por ano.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Quando uma pessoa lê em
jornais sobre o quantitativo de homicídios por 100 mil habitantes, pensa na
maioria das vezes, que ela pode ser atingida da mesma forma, ou seja, que em
qualquer lugar que ela esteja pode ser vítima de morte violenta. A percepção de
cada pessoa sobre a questão da violência e da criminalidade é construída
socialmente, assim há um medo social, que tem o objetivo de submeter pessoas e
coletividades a determinados interesses coletivos e individuais, com o objetivo
de subjugo, domínio e controle sobre outros, de forma coercitiva, levando o
medo a determinadas coletividades, territorializadas em um determinado espaço,
temendo as ameaças oriundas desses grupos. (BAIERL, 2004:42). <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Da mesma forma, os atos
violentos e crimes não se espalham pelo território homogeneamente. Há local
onde ocorrem mais crimes contra a vida e outros onde o patrimônio sofre a maior
ameaça, claramente há uma relação entre o PIB per capita e o poder aquisitivo
de cada local. No ano de 2012, treze municípios não tiveram vítimas de homicídios
no Espírito Santo. O que os diferenciam dos outros municípios onde ocorreram
homicídios? A diferença só pode ser analisada diante de cada “pedaço”, de forma
a compreender todas as relações sociais, econômicas, políticas, etc. de cada
território.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Em principio, os municípios
que passaram muito tempo sem ocorrerem homicídios são em sua maioria distantes
do centro nevrálgico da metrópole; um segundo fator é que são pertencentes a
uma cultura local onde ainda permanecem os laços parentais e de vizinhança, bem
como comunitário. Nesses locais as pessoas, em sua maioria conhecem as outras,
bem como quando não conhecem formalmente conhecem “de vista”; os poderes locais
são bem ligados uns aos outros, assim o gestor municipal decide muito próximo à
comunidade, bem como o Legislativo e o judiciário. O cidadão é mais próximo aos
poderes constituídos e sente-se mais protegido contra todas as “invasões
bárbaras” que por acaso ocorrerem. Já nas Metrópoles, o distanciamento da
população da política e consequente da Ágora, faz com que tenhamos o destino
contrário. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Mas há também as médias
cidades, onde uma urbanização não planejada e nem acompanhada, aliada a
projetos imobiliários que levam cada vez mais parte da população para as
franjas das cidades transformando em territórios sem o alcance da cidadania e
que depois são levadas ao estigma das favelas. </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;">Da mesma forma, há cidades,
também em que a urbanização não fugiu ao controle do Estado, assim a periferia
que é desenhada nessas cidades mesmo sendo alcunhadas de “favelas”, é, na maioria
das vezes, acompanhada de perto pelo município, o que faz com que tenha a
partir de algum momento o acesso a serviços de urbanização. Outro fator é a
baixa densidade populacional, que permite o controle das agências de segurança
públicas e privadas, o monitoramento constante e o acompanhamento da população
das políticas implementadas.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Assim, cabe aos gestores
municipais organizarem cada política de forma a atender o seu território, políticas
públicas descentralizadas que compartilham a responsabilidade sobre a questão
da violência e da criminalidade. São no nível municipal, através das políticas
públicas de prevenção a violência e a criminalidade que o Estado pode ter suas
maiores vitórias, mas isso demanda tempo. Prevenção é feita com tempo,
planejamento, revisão de metas, novas implementações e muita paciência, os
resultados são sempre a médio e longo prazo, principalmente, quando se trata da
nossa juventude. Não há formulas prontas, mas sim desafios a serem aceitos e
construídos com quem ocupa o território. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Referências
Bibliográficas:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">ARRETCHE, Marta. Estado
Federativo e Políticas Sociais: Determinantes da Descentralização. Rio de
Janeiro; Revan; São Paulo:FABESP, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">BAIERL, Luzia Fatima. Medo
Social. Da violência visível ao invisível da violência. São Paulo: Cortez,
2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">KOGA, Dirce. Medidas de Cidades.
Entre Territórios de vida e Territórios vividos. São Paulo: Cortez, 2011. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">SANTOS, Milton. Território e
Sociedade: Entrevista com Milton Santos. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,
2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 19px; line-height: 21px;">Obs.: Uma versão deste artigo foi publicada no Jornal "A Tribuna" do Espírito Santo, no dia 15 de janeiro de 2013, página 23. </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-16385451664536557332012-04-28T21:46:00.002-03:002019-04-16T19:53:34.067-03:00NEGROS: ESTEREÓTIPOS E VIOLÊNCIA - O Caso Travyon Martin.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg588KMdrNDm6Jpwovqd_1xHLydOL_BJ15xAsgst6fxWxLEw5ZvUpwKFP4sxE66zNiDi7RE8qNzFgf9s03n7eeQimf2eAZgBe3R7g-0Ju5Z_Kmi7m-A_aDq5BlUILTU7J6WuwGUC7bBs_0/s1600/parem+de+matar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg588KMdrNDm6Jpwovqd_1xHLydOL_BJ15xAsgst6fxWxLEw5ZvUpwKFP4sxE66zNiDi7RE8qNzFgf9s03n7eeQimf2eAZgBe3R7g-0Ju5Z_Kmi7m-A_aDq5BlUILTU7J6WuwGUC7bBs_0/s400/parem+de+matar.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; text-align: justify;">Estereótipos
são na maioria das vezes uma forma preconceituosa de ver a diversidade e serve
como desculpa para a não aceitação do outro. Acompanham na sua maioria das
vezes outros preconceitos e estão sempre fadados a acabarem de forma violenta.
Assim algumas profissões desde há muito tempo tentam classificar as pessoas
conforme suas características físicas, fora assim com a tese Lombrosiana, que se
caracterizava por ligar as características físicas às mentais, daí a sua tese
(logo desaprovada) de que os sóciopatas possuíam caraterísticas físicas
determinadas, como por exemplo, o tamanho da mandíbula.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Teorias
sobre criminalidade sempre conviveram com a visão da sociedade e modificam-se
de acordo com essa mesma sociedade. Mas como compreender a partir de uma teoria
de que tantos nos Estados Unidos quanto no Brasil, os negros são a maioria nas
prisões e isso influencia o dia a dia das abordagens da polícia, dos vigias,
dos vigilantes, dos transeuntes que fogem quando um negro vai lhe pedir
informação e os estereótipos criados para a definição do criminoso?<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Vamos
a um exemplo recente: dia 26 de fevereiro de 2012, um jovem negro de 17 anos, Travyon Martin,
caminhava por uma rua da Flórida e ia para a casa onde seu pai se encontrava
visitando uma amiga em uma comunidade privada(Sanford) no sudeste da Flórida, o
vigia voluntário George Zimmerman, de 28 anos, com seu tirocínio avançado e com
todo o preconceito que envolve o estereótipo ou a criação dos estereótipos,
caminhou seguindo o jovem negro, o que aconteceu após o encontro é uma
incógnita, mas o final nós sabemos: Travyon Martin foi morto com um tiro no
peito. O vigia alega legítima defesa, mas o que o fez seguir o jovem? Qual
motivo teria levado a achar que Travyon Martin estava em atitude suspeita? Oras
o que é atitude suspeita? O capuz indica que ele era suspeito? <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Travyon
Martin morreu por que, primeiramente, a lei de “Atire primeiro” promulgada por Jeb
Bush(sim, filho de George W. Bush) diz que o americano da Flórida deve atirar
em qualquer um que estiver prestes a ofender a sua integridade física. A
legítima defesa do vigia (branco) George Zimmerman, fez com que novamente
viesse à tona a discussão racial no país. Segundo, por que George Zimmerman só
seguiu o jovem Travyan movido por uma questão de preconceito: racial e de estereótipo.
<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">O
preconceito contra o negro moveu-o tanto quanto o gingado, o andar, o capuz, as
cores da roupa do jovem, enfim todas as suas características físicas atreladas
ao “ideal” de criminoso articulado pela mídia estadunidense, pela ideia de
estranho, de “outsider”, então para ele estava cumprindo o seu “dever”. Tanto
que o jovem Travyan, mesmo desarmado, foi acusado de estar prestes a ofender a
sua integridade física, daí a sua legítima defesa.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">No
Brasil, temos “Travyans” por todos os cantos, nossas periferias estão cheias
deles, com seus gingados, com seus cabelos coloridos, com seus capuzes, o
morticídio continua de jovens negros no Brasil e não estamos sozinhos (infelizmente)
os Estados Unidos nos acompanham, aprisionando e matando o sonho de muitos
jovens que, por culpa, de todos nós e principalmente do Estado não terão a
chance de viverem seus sonhos. Cabe a esta sociedade repensar os seus
estereótipos, cabe ao Estado, treinar melhor todos aqueles que deveriam
proteger ao invés de matar. <o:p></o:p></span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-54271380268665057632012-04-11T22:26:00.000-03:002019-04-16T20:04:34.701-03:00O legado do Coronel Negro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: left;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBudZ0oSFE0lNdu7T5xwk5UPU_PnfGwJHXqocXn-GlNZTvq6GmobTLnsZ6Ye3gT44IgPztNWBHpvorjosEIHDQCEEIyJzqrsv_V5u0vURXSJPd7FyrJeKXI4HT5lIKlsWumrQm3XeMvsg/s1600/Cel+Cerqueira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBudZ0oSFE0lNdu7T5xwk5UPU_PnfGwJHXqocXn-GlNZTvq6GmobTLnsZ6Ye3gT44IgPztNWBHpvorjosEIHDQCEEIyJzqrsv_V5u0vURXSJPd7FyrJeKXI4HT5lIKlsWumrQm3XeMvsg/s400/Cel+Cerqueira.jpg" width="287" /></a></div>
<h3 style="text-align: left;">
<br /></h3>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; text-align: justify;">A
ascensão do negro em uma sociedade de classes pode ser analisada de diversos
contextos históricos, neste texto analiso a ascensão do Coronel Carlos Magno
Nazareth Cerqueira e como ele influenciou com suas ideias as políticas de segurança
pública em todo o Brasil até os dias atuais.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Cerqueira
adentra o universo político brasileiro em um momento chave para as mudanças que
estavam por vir, era 1983 quando foi convidado para ser o Comandante Geral da
PM do Rio de Janeiro, pelo Governador Leonel Brizola. Nesse momento contava com
29 anos de serviço. Pode-se perguntar o que poderia fazer um oficial negro em
um momento de transição difícil na política brasileira, numa cidade onde os
resquícios da senzala ainda permaneciam nas relações sociais (e permanece). <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Discordava
da influência do Exército na administração e organização da Polícia Militar,
para ele era necessário desmilitarizar a segurança pública, ou em suas próprias
palavras: “A desmilitarização que urge acontecer neste setor deve entender a
segurança pública como uma atividade civil submetida aos poderes políticos e
justiça comum”. (Cerqueira: 1999, p.211-224). Entendendo que a PM deveria mudar
a sua prática e deixar de ser “polícia do governo” baseada na Doutrina de
Segurança Nacional para ações que visassem a garantia dos direitos individuais
e principalmente os Direitos Humanos. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">A
presença de um negro no Comando da PM causou estranhamento e desconfiança, pois
a imagem do negro para a população carioca era a de favelado e pobre ou de envolvido
em atos violentos enquanto a participação na PM era preponderantemente nas
carreiras subalternas. Estávamos sobre a presidência do General João Batista de
Oliveira Figueiredo (1979-1984) e iniciava-se a transição democrática. </span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">A
população ocupava as ruas com passeatas, ondas grevistas, os movimentos sociais
avançavam com reivindicações de cunho político e social. Com a valorização e
organização da sociedade civil a PM também deveria tomar nova prática em
relação às mudanças que estavam acontecendo e que desaguaram, por exemplo, na
Campanha das Diretas Já. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Foi
então Nazareth Cerqueira o responsável por essa transição a frente da Policia
Militar do Rio de Janeiro. Esteve duas vezes a frente da PM, no período de 1983-1986,
no primeiro governo Brizola, o momento em que ele não aprofundou as reformas
que pensava para a Instituição, pois a conjuntura política e social do momento,
além da resistência interna impediram o avanço e modernização do aparelho
policial. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mas
isso não quer dizer que não ocorreram avanços, Cerqueira inseriu no contexto da
segurança pública temas como: prevenção no combate ao crime, o entendimento que
o fenômeno do crime é sócio-político e inerente a qualquer sociedade; que a
segurança pública é responsabilidade de todos e que os privilégios no
policiamento não deveriam ocorrer, pois provocaria prejuízos à sociedade, além
das primeiras experiências em policiamento comunitário no Brasil. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Na
segunda passagem pelo Comando da PM, ele já se encontrava aposentado, fato que
não impediu Brizola de chamá-lo para ser novamente o comandante da PM. Foi nessa
passagem pelo governo do RJ que implementou políticas que transformariam em
definitivo o contexto histórico da instituição, além das de cunho interno e
sócio cultural que hoje são compreendidas como muito modernas para a época,
pois eram conjugadas com o respeito aos direitos humanos. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">São
implementados no segundo Governo Brizola (1991-1994) como exemplo: policiamento
comunitário em Copacabana; grupo de vigilância nos estádios, Programa Educacional
de Resistência às Drogas-PROERD, Grupamento de Policiamento Turístico. Essas e
outras ações transformadoras influenciaram e influenciam as políticas de
segurança até hoje em nosso país, pois o Coronel Nazareth Cerqueira através de
cientificidade elevou as políticas de segurança pública a tema constante na
academia e a partir de seus textos e publicações erigiram novos debates
enquanto as suas ações mostraram um homem a frente do seu tempo que até hoje é um
exemplo de intelectual negro que não se curvou as adversidades das relações
raciais brasileiras, citado em todos os debates e publicações sérias que
envolvam os temas violência, criminalidade e políticas de segurança pública. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<div dir="rtl">
<br /></div>
</div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-76083831806739382272012-04-11T21:55:00.000-03:002012-05-27T14:05:27.841-03:00AS SÍNDROMES DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div>
<b><span lang="PT-BR"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUMP__H4qX6CKB0E2gucA3qIr5Bs_CVXp__WczGPMcA7v2o5uFR43mKWfpYxEkHEziTEHnz7vo8uHKQzSXder9JB0T3QQ4zOFD7WDIPrcet-gXm2txHWcML67xUmmMxCVmeWDbF6lRpN8/s1600/seguran%C3%A7a+p%C3%BAblica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUMP__H4qX6CKB0E2gucA3qIr5Bs_CVXp__WczGPMcA7v2o5uFR43mKWfpYxEkHEziTEHnz7vo8uHKQzSXder9JB0T3QQ4zOFD7WDIPrcet-gXm2txHWcML67xUmmMxCVmeWDbF6lRpN8/s1600/seguran%C3%A7a+p%C3%BAblica.jpg" /></a></div>
<h2 style="text-align: center;">
<b><span lang="PT-BR"> </span></b></h2>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<h2>
<span style="font-size: large; font-weight: normal;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">Se
há um assunto que tem crescido em importância de discussão no Brasil é a
questão da violência e da criminalidade. De poucos trabalhos na área acadêmica
nos anos 1970, os anos 1990 se caracterizam por um crescimento de produções
científicas que não só discutem a questão da segurança, mas como as políticas de
segurança passaram a ter uma importância chave, bem como a relação destas
políticas com os governos que as implementam.</span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">Esse
interesse veio do aumento da sensação de impunidade e principalmente pelos
vários medos que a população enfrenta e sente. Mesmo que o medo irradiado na
sociedade seja sentido de formas diferentes, periferia e centro se unem quando
é para reivindicar e solicitar mais policiamento nas áreas onde os homicídios
crescem em torno do tráfico de varejo e dos locais onde o medo de ter o
patrimônio vilipendiado é a prioridade. Normalmente esse pedido é acrescido do
mantra de “faltam políticas públicas”, onde não se é explicado que “políticas públicas”
são essas e como deveriam ser realizadas, bem como o mantra é dito sempre em
torno de uma grande tragédia que faz com que a população pense que aquele
“sintoma” pode ser um “sinal” ou “indício” de uma doença que poderá “matar”
todo o corpo social.</span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">As
síndromes das políticas de segurança pública estão ligadas a primeiramente a
não ligação das primeiras políticas á área das políticas públicas (public
policie). Pois os primeiros governos, principalmente a esfera estadual no
Brasil após 1988, tinham como referência para a demanda da violência e da
criminalidade as políticas que surgiam de dentro dos quartéis, essa
militarização da segurança pública, que tem como principal exemplo o Rio de
Janeiro, foi (ou é) uma visão estreita da questão da violência e da
criminalidade brasileira, bem como a desarticula de outras referências para o
seu “tratamento”, como exemplo a “questão urbana” (Castells: 1975).</span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">A
primeira Síndrome das políticas de segurança é a chamada “Síndrome de Sisifo”,
que se caracteriza por falta de continuidade das políticas, ou seja, um ente
federado implementa uma política e mesmo ela obtendo resultados positivos ela é
encerrada e dá-se inicio a outra com as mesmas características, mas não sendo
tão efetiva quanta a primeira. O que acontece, então, que se reorganiza em
torno desta “nova velha política” toda uma movimentação de que aquela política
é inovadora ou nova, gastando-se novamente todo empenho de uma máquina
administrativa quando poderia simplesmente reformular a política pública através
de avaliação e daí realizar os ajustes necessários para sua continuação. A
Síndrome de Sisifo é herdeira direta da falta de monitoramento, falta de
indicadores e avaliação das políticas de segurança pública, sem essas
informações os governos preferem encerrar a política a continuar, pois faltam
analistas que dentro do próprio governo avaliem cada política e demonstrem sua
real necessidade, suas deficiências e os seus avanços.</span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">Outra
Síndrome é a da Rainha Vermelha, cunhada por Rolim (2009:36-40) para demonstrar
quão são ineficazes as ações da polícia pautadas na reatividade, aqui temos
outro contexto, as políticas de segurança pública quando tomadas por esta
Síndrome servem somente para responder a um clamor público flagrante, assim
após vários acidentes de trânsito com motoristas embriagados toma-se medidas
reativas aos acidentes com mais blitzes e polícia nas ruas, após fechamento de
escolas pelo tráfico mais polícia e ocupação, após morte de alguém famoso (ou
endinheirado) toma-se ou envidam políticas que dizem que irão diminuir o
tráfico ou mesmo os homicídios, pouco tempo depois como observa Monet (2001) as
ações caem no esquecimento e tudo volta a como era antes, até que novamente um
fato venha a chamar a atenção da população que clama novamente por ações do
Estado e repete-se novamente o ciclo.</span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">Seria
interessante para os entes federados construírem indicadores de monitoramento
para cada política, avaliação sistemática, bem como a publicização dessas
ações, os resultados seriam bem melhores se não se prestassem somente a medir a
eficácia, eficiência e efetividade, mas todo o contexto da política de
segurança pública, evitando as síndromes, o corpo social agradece.</span><span style="line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span lang="PT-BR"> </span></span></h2>
</div>
</div>Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-43656154749117192572011-10-18T20:34:00.000-02:002019-04-16T19:59:52.426-03:00FOBÓPOLE: A CIDADE DO MEDO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgQx-oHz_g8wN-eq75ZV7guw-bVN6cSBxo8A8DOytUpNflIxNbIeK-MEwRHMwEiIxWzn5uyaae7bj2Lw_Iq7VMaIZX0AJDHH4SWMscHN0OiOzRMFlOqF23wuA9Co6h8q8HMwvU5PBgMRE/s1600/Rio-de-Janeiro-Cristo-Redentor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="567" data-original-width="850" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgQx-oHz_g8wN-eq75ZV7guw-bVN6cSBxo8A8DOytUpNflIxNbIeK-MEwRHMwEiIxWzn5uyaae7bj2Lw_Iq7VMaIZX0AJDHH4SWMscHN0OiOzRMFlOqF23wuA9Co6h8q8HMwvU5PBgMRE/s640/Rio-de-Janeiro-Cristo-Redentor.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt;">Nos últimos dez anos acompanhamos o crescimento da violência nas
cidades e em consequência o seu alastramento tomando cidades do interior.
Algumas percepções do medo irradiado nas metrópoles passaram a ser preocupação
também dos moradores da zona rural ou de cidades mais afastadas das capitais
brasileiras. Uma urbanização </span><span style="font-size: 18.6667px;">inconsequente</span><span style="font-size: 14pt;"> criou metrópoles tomadas pelo medo,
o que um autor cunhou de Fobópole (SOUZA, 2008), ou, cidade do medo, derivadas
das palavras gregas phóbos (medo) e polis (cidade). <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">Nelas, as conversas e noticiários da imprensa giram em torno do
medo de se tornar mais uma vítima da violência, gerando assim atitudes do
Estado e da Sociedade Civil, de forma a reprimir, prevenir ou se defender de um
suposto ato violento, ocorrendo conseqüentemente alterações no planejamento da
cidade, no seu desenvolvimento e na democracia (Souza, 2008:09).<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">Uma cidade do medo faz com que as pessoas
modifiquem seus hábitos diuturnamente, onde os laços sociais são de pouca
durabilidade, ao mesmo tempo, a desconfiança e o medo do outro impõem mudanças
comportamentais que influenciam o amalgama da sociedade civil, influenciando
também na democracia participativa, pois os indivíduos não se reúnem mais para
resolverem os problemas da polis, ao contrário, a individualização tão cara ao
capitalismo, faz com que cada um pense somente em si, ocorrendo o aumento pela
busca da segurança privada e deslocamento das preocupações do bem estar de
todos com a segurança de poucos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">A percepção do medo não é homogeneamente
experimentada por toda a população de uma cidade, parte dela, os moradores das
periferias e das áreas mais pobres tem uma percepção do medo mais acentuada do
que os moradores dos melhores lugares das cidades, se de um lado o medo de ser
mais uma vítima de um crime violento é grande, do outro o medo de ser tomado
por um crime ao patrimônio é maior, mas em ambos fica bem clara a diferença,
pois são os moradores das áreas mais pobres e dos serviços urbanos mais
escassos, os que se expõem a uma morte violenta, aumentando a taxa de
homicídios (Cano, 1997:38).<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">Paralelo a essa divisão sócio-espacial do
medo, articula-se a ideia de que as políticas de segurança pública devem ser
feitas levando-se em conta os mapas de crimes, que indicam a incidência destes
geograficamente. Ora, então os mesmos mapas indicarão a necessidade de uma
constante integração do Estado e da Sociedade Civil nos locais onde o medo
generalizado e principalmente a morte ronda.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">Historicamente são as periferias das cidades
o calcanhar de Aquiles de todo o gestor público, seja municipal ou estadual. As
periferias para onde uma criminalidade construída nas cidades migrou, tendo
como combustível o tráfico de drogas aproveitando-se de uma “geopolítica das
drogas” onde se busca uma mais valia deste investimento (e é investimento) em
locais onde o menor risco (principalmente a prisão) possa ocorrer.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">Como sociedade civil precisamos reavaliar os
conceitos de segurança pública e de comunidade, para que possamos otimizar os
serviços públicos para todos, sem discriminação. Realinharmos as políticas para
que haja uma equanimidade nos serviços, ao mesmo tempo, induzir à comunidade a
buscar formas de novas organizações, onde o temor do outro seja vencido pela
confiança no amalgama que nos faz agir como sociedade, privilegiando o
indivíduo e não ao capital. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">SOUZA, M.L.de, FOBÓPOLE - O medo generalizado
e a militarização da questão urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<o:p></o:p>
<o:p></o:p>
<o:p></o:p>
<o:p></o:p>
<o:p></o:p>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-58239520610902649982011-10-18T00:57:00.001-02:002012-09-13T05:46:25.046-03:00UMA RUA CHAMADA VALONGO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMpEd7VdKDErJEriOh0VDTRqzSOk1bT2dWyziRGOXZDHEyETDEc9NIJQjopcy6cCEeFFTiHpXo-mtFuj4bOiXysIIGcCMg1LZXSyp_QnAEElYOZK5ayAau-rAv4hQFmZ9vGEYjrjdNXag/s1600/Valongo3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMpEd7VdKDErJEriOh0VDTRqzSOk1bT2dWyziRGOXZDHEyETDEc9NIJQjopcy6cCEeFFTiHpXo-mtFuj4bOiXysIIGcCMg1LZXSyp_QnAEElYOZK5ayAau-rAv4hQFmZ9vGEYjrjdNXag/s320/Valongo3.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large; line-height: 150%;">Uma descoberta reacende a discussão de como são
mantidos os sítios arqueológicos e históricos no Brasil: a descoberta em março
das ruínas do Cais do Valongo no Rio de Janeiro. Com a chegada dos jogos olímpicos de 2016 a
cidade passa por uma reforma e a zona portuária é um dos locais que precisam
ser embelezados para os nossos turistas. O achado arqueológico foi localizado
entre uma praça, o morro da Providência, o Elevado da Perimetral e a Praça
Mauá, sob a Av. Barão de Tefé. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large; line-height: 150%;">O Cais do Valongo foi construído em 1758 com o único
objetivo de receber os navios negreiros, suas atividades duraram até 07 de
novembro 1831, pelo menos oficialmente, quando as leis para “inglês ver” proibiram
as importações de escravos. Até 1758 a venda de escravos se fazia ao longo da
Rua Direita, a mais antiga do Rio, mas devido ao estado de saúde dos africanos
e o medo de contágio por doenças foi construído o Cais para que a “cidade
européia” que vivia as expensas do trafico negreiros e do trabalho escravo não
tivesse o seu dia a dia aviltado pela presença do negro, da violência e da
“cidade quilombola”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large; line-height: 150%;">O Cais possuía uma rua com o mesmo nome era nessa rua
em que se expunham os escravos para a venda. Maria Graham, em seu Diário de uma
viagem ao Brasil testemunha que: “De ambos os lados estão armazéns de escravos
novos, chamados aqui “peças”, e aqui desgraçadas criaturas ficam sujeitas a
todas as misérias da vida de um negro novo, escassa dieta, exame brutal e açoite
“(apud Lobo: 2008:137). Ao chegarem no Valongo eram contados e taxados na
Alfândega, depois percorriam várias ruas até chegar as casinhas que se
perfilavam ao longo do Cais. Os que não conseguiam pelo menos serem expostos no
Cais, seguiam para a Santa Casa de Misericórdia, local onde eram enterrados
mais de 700 por mês até 1830. O mercado no Cais é fechado em 1831, sendo que a
Enseada de São Conrado e outras praias do Rio continuam recebendo escravos,
sendo mais de vinte mil escravos por ano. (ENDERS: 2009:148-149).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large; line-height: 150%;">Com a descoberta do Cais e inclusive com os vestígios
encontrados da cultura africana e de afrodescendentes, incluindo cachimbos de
cerâmicas, botões e búzios abre-se mais
um espaço para que se possa discutir a influência da cultura africana e a
relevância do negro na cultura brasileira. Além de mostrar claramente como a
escravidão africana em nosso país foi apagada construindo-se sobre ela o Cais
da Imperatriz e depois ruas e praças, agora o passado volta a tona, como uma
pintura sobre a outra precisamos redescobrir o Valongo, o maior porto de escravos no mundo, não para
relembrarmos o açoite mas para demonstrar a vitória daqueles que construíram
com seu suor e sangue o nosso país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Referências Bibliográficas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">ENDERS, A. <b>A
História do Rio de Janeiro.</b> Rio de Janeiro: GRYFUS, 2009.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">LOBO, L. F. <b>Os
infames da História: pobres, escravos e deficientes no Brasil. </b>Rio de
Janeiro: Lamparina, 2008.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-82872551102952898512011-08-01T23:27:00.001-03:002012-09-13T05:47:11.144-03:00MEIA NOITE EM PARIS - O VELHO E BOM WOODY ALLEN DE VOLTA.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCih9BKAXmfVecGXrWeBNQGMEWiYACiQ3382FOjTSgf2fUh8neXaknlc91hVOPS4qegPNIg2p0GtwunO2UJQv4fT45KsMpDtPRrsJqVtmamYG_yquXvnxg1XzSSiSbYQ3U57QMlWKP9Qg/s1600/11174214.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCih9BKAXmfVecGXrWeBNQGMEWiYACiQ3382FOjTSgf2fUh8neXaknlc91hVOPS4qegPNIg2p0GtwunO2UJQv4fT45KsMpDtPRrsJqVtmamYG_yquXvnxg1XzSSiSbYQ3U57QMlWKP9Qg/s320/11174214.jpeg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Woody Allen conseguiu acertar a mão depois de tantos anos, seu último filme traz a memória os seus melhores momentos e isto reflete nas bilheterias. “Meia Noite em Paris” é o seu filme de melhor bilheteria, batendo depois de tantos anos “Hannah e suas irmãs” (1986). A questão não é que o diretor tenha se afastado da sua melhor forma, mas que volta a ter a simplicidade e o estilo que o marcou principalmente nas décadas de 80 e 90. Brincando com o tempo, o diretor consegue nos levar a refletir sobre qual é a melhor época para se viver: o hoje ou em algum lugar do passado, se você fosse escolher qual a década que queria viver e aonde?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Essas são as perguntas chaves para compreender a luta do seu alterego no filme, Owen Wilson, na pele de Gil Pender, um escritor frustrado que não consegue escrever, mas encontra a sua inspiração numa Paris dos anos 1920, pois quando adentra um veiculo à meia noite passa a conviver com vários de seus escritores e artistas favoritos, o que lhe dá inspiração e o faz repensar sua vida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A grande sacada do filme é não ter mirabolantes mágicas para a explicação da viagem no tempo de Pender, ele simplesmente viaja encontrando Matisse, Pablo Picasso, Zelda e Scott Fitzgerald, Salvador Dalí, Jean Cocteau, Cole Porter, Ernest Hemingway, T.S. Eliot e outros mais. Ao ver a “mágica” da viagem através do tempo, veio nos a lembrança da “Rosa Púrpura do Cairo”(1985), quando um personagem sai da tela do cinema e invade a “realidade” ou “Simplesmente Alice”(1990). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Se o surrealismo do filme contagia a pergunta que se faz na viagem é qual a melhor época para se viver, se procurarmos na memória sempre vai se arrastar para mais para trás possível como se a felicidade só existisse no passado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Allen reflete exatamente sobre essa miséria do presente onde o fast food cultural nos remete a uma degustação rápida de tudo e mostra que é necessário sentar, ouvir, conversar, cultuar, tornar simples as músicas, as melodias, o teatro e não esse consumismo bestializado de pequenas doses de tudo. Apesar de tudo, o passado passou, o presente é interessante, mas é necessário captá-lo, vivê-lo, pois esse é o nosso momento e a melhor época para se viver: o hoje.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-91537325116925230142011-07-16T17:17:00.000-03:002016-04-30T02:36:42.809-03:00OS JOVENS E A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL - SOBRE "PRECIOSA" e "UM SONHO POSSÍVEL". <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0-mMTbKXcln_wwItv7-xqJPdLFjs4ofJ1p44yuOusvAXX_pYjqRWdej0datL6sEM9X3sOVXiLNsww9Hz3QaxTuhOmPPHeS8ofW_bpbatDXbqi1647MO18RnudrqGp7WUtZqud4FSWPP8/s1600/preciosa+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0-mMTbKXcln_wwItv7-xqJPdLFjs4ofJ1p44yuOusvAXX_pYjqRWdej0datL6sEM9X3sOVXiLNsww9Hz3QaxTuhOmPPHeS8ofW_bpbatDXbqi1647MO18RnudrqGp7WUtZqud4FSWPP8/s640/preciosa+2.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">Dois filmes que concorreram ao Oscar 2010 fazem uma reflexão sobre a relação do negro com a violência. São eles: “Um sonho possível” e “Preciosa: uma história de esperança”. Em ambos temos dois jovens negros moradores de periferias, com famílias desestruturadas, envolvimento dos parentes com drogas e violência familiar. A única ligação dos dois jovens com a sociedade é a escola, onde apesar de todas as dificuldades eles continuam a freqüentar.</span><br />
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Em “Um sonho possível”, o jovem Oher frequenta a escola, com a desconfiança do corpo pedagógico que não vê nele perspectiva de aprendizagem. No filme “Preciosa: uma história de esperança”, a adolescente Clairee “Preciosa” Jones é expulsa da escola(uma expulsão branca). Ao ser “tranferida” para uma escola especial, ela passa a compartilhar a sua dor e ao mesmo tempo lidar com a sua mãe que também a violenta.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">É na escola que ela inicia sua jornada para uma mudança radical em sua vida marcada pela falta de perspectivas. O preconceito racial e de classe está explícito em ambos os filmes, pois os dois personagens têm que conviver com as dificuldades de se integrarem a sociedade com um mundo pessoal destruído e sem qualquer estímulo para a mudança. Nas duas histórias o único ponto de contato dos dois jovens negros com o Estado e a sociedade é a escola.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Apesar de que fica nítido (no filme “Preciosa”) como a rede de assistência social dos Estados Unidos vigia e pune os que não conseguem adentrar e dar lucro ao mercado neoliberal. Nos dois filmes analisados os jovens negros conseguem através da ajuda de fora da família buscar soluções para suas vidas: Oher através de uma socialyte que vê nele condições de ser um jogador de futebol americano; na jovem Preciosa a solução passa pela ajuda de uma professora e uma assistente social. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">A realidade do negro nos Estados Unidos e no Brasil são diferentes é claro, mas há muitos pontos de convergência, estes nos apontam que muitas das bandeiras levantadas pelo movimento negro é justa, honrada e correta. Fomos o último pais das Américas a extirpar o trabalho escravo, temos uma população negra e pobre que vive desde o século XIX sendo empurrada para as periferias das cidades (como exemplo clássico o Rio de Janeiro), sendo que as ações afirmativas podem sanar parte das desigualdades entre brancos e negros neste país, mesmo havendo uma resistência cultural enraizada no “mito da democracia racial”.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Vivemos ainda, infelizmente, com o mito da democracia racial impregnada em nossas instituições e relações raciais. Onde o discurso de que somos um “caldeirão étnico único no mundo” destoa quando colocamos a realidade na ponta do lápis. E essa realidade não é difícil de pontuar, analisando comparativamente, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos a maioria da população carcerária é negra, no Espírito Santo há uma população carcerária branca de 1.943 para 1.495 milhões de habitantes brancos, enquanto os negros encarcerados somam 6.170 para uma população de 1.939 milhões. A chance de um negro ser preso é três vezes maior que um branco. Até quando vamos como sociedade negar que nossas relações raciais são ainda impregnadas pelo “mito da democracia racial”?</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Enquanto nos vendemos como uma nação “branca e européia” nossos jovens (de maioria negra) são empurrados como ratos para a ratoeira da marginalidade consumista, sendo presos ou mortos nas periferias das nossas cidades. Os governos municipais devem planejar em longo prazo intervenções nessa realidade através de políticas públicas para jovens que levem em conta o peso das nossas relações raciais, levando para nossas periferias o Estado e recebendo em troca menos presos e menos jovens mortos.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-82735142252301248692011-07-10T01:25:00.000-03:002019-04-16T20:03:25.002-03:00NEGROS, MÍDIA E VIOLÊNCIA - AS NOTÍCIAS NOS JORNAIS.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoBRjpfQwsCz7zdYccfWRFOmWNUTAdIoPXoA3znmxT1APc7_c72Cb7vbN9V83AjA2v8rvgNbjCoPVOXV3B2qLWtE3yeNY7nrK-cMQqPHT8zgvVyElEPtv9bPNrsJdLtllWFPjudkBcwy4/s1600/negro+como+traficante.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoBRjpfQwsCz7zdYccfWRFOmWNUTAdIoPXoA3znmxT1APc7_c72Cb7vbN9V83AjA2v8rvgNbjCoPVOXV3B2qLWtE3yeNY7nrK-cMQqPHT8zgvVyElEPtv9bPNrsJdLtllWFPjudkBcwy4/s640/negro+como+traficante.bmp" width="640" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Este texto faz uma reflexão sobre três fatos e suas relações com a mídia, principalmente os jornais, nos três momentos os fatos narrados apesar de estarem separados pelo tempo, motivo e local, não impedem de que haja uma avaliação e uma análise da mídia quanto à importância do negro na sociedade brasileira. Nos três momentos podemos ver como a mídia trabalha a “figura” do negro e como isso é um reflexo de nosso passado escravista, como também do “mito da democracia racial” que está enraizado na cultura brasileira e impede avanços que seriam interessantes para as relações raciais no Brasil.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Primeiro caso: em um curso da Policia Civil do Rio de Janeiro em 2008(curso para a Delegacia Legal), uma das boas políticas de segurança pública mantida há décadas pelos governos do RJ, houve em uma palestra a apresentação do negro como traficante e o usuário como branco, além da policia apresentar-se como repressora. Entre desculpas, além da retirada e promessa de “atualização” dos palestrantes do curso fica a mensagem: a polícia reproduz o que o senso comum espalha pela TV e pelos jornais, pior o coloca como verdade em um curso massificando a ideia de que somente o negro é marginal e que os brancos são as vítimas do mal fabricado nas favelas brasileiras.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Segundo caso: um jornal do Espírito Santo, no dia 08 de julho de 2011, anuncia uma chacina, a noticia era: “Quatro jovens são amarrados e executados com tiros na cabeça”. Nela o jornalista seleciona as “cores” das vitimas, assim: “Um deles era moreno vestia camisa verde e calça jeans. Outro jovem era negro, trajava camisa preta, bermuda roxa e branca e usava um boné preto do Corinthians. O terceiro rapaz era pardo e vestia camisa preta e bermuda branca.”. Há de se ressaltar que somente uma das vitimas havia sido identificada por que possuía documentos, no afã de descrever como eram as vítimas que não foram identificadas o jornalista esbarra no preconceito racial, pois todos os três corpos não identificados eram de negros, pois a classificação “morena” e parda” são resquícios da identidade brasileira criada sobre o mito da democracia racial. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Terceira noticia: que corrobora com as duas acima e que mostra como as discussões em torno das relações raciais brasileiras ainda são tratadas sem o devido valor e respeito. No dia 01 de julho de 2011 o Núcleo de Estudos sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) divulgou que o número de homicídios no Espírito Santo de Janeiro a Maio foram de 391 e que os negros representavam 77% das vítimas. Os dados foram apresentados no Plenário Dirceu Cardoso da Assembleia Legislativa (Ales), em sessão especial proposta pelo deputado Claudio Vereza (PT) para debater a “Juventude em Marcha Contra a Violência e Extermínio”. Os jornais não trabalharam essa notícia nas semanas subsequentes, não deram valor ao fato de que a maioria são negros e jovens vítimas de homicídios no Espírito Santo. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Nos três casos, vemos que há uma dificuldade da mídia apresentar e discutir a “questão racial” em nosso país, ainda evita-se discutir o assunto como se fosse algo de minorias que não merecem o devido tratamento respeitoso. Assim, as páginas policiais só lembram que o cidadão é negro quando ele é vitima de “injuria racial”, mesmo sendo “moreno”, mas chamado de “preto” o jornal não titubeia e lança a notícia com o aval da lei, mas quando é para descrever o mesmo negro como vítima de um homicídio há a preferência pela suavização da cor: moreno, pardo. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Do outro lado da linha o senso comum é trabalhado pela mídia, principalmente pela TV que mostra que o traficante é sempre negro e quem compra é sempre branco, ou seja, os que morrem em sua maioria devem morrer por que são os causadores da “anomia social” que circunda a sociedade. As “classes perigosas” migraram para a periferia e “as favelas são as novas senzalas” como dizia Lobão, infelizmente a letra dele ainda é atual. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">REFERÊNCIA: CURSO do projeto Delegacia Legal apresenta estereótipo do negro traficante e o branco usuário de drogas.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Disponível em:http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/materias/2008/09/22/curso_do_projeto_delegacia_legal_apresenta_estereotipo_do_negro_traficante_o_branco_usuario_de_drogas-548321926.asp.Acesso</span></div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-49254835320385970962011-06-24T17:57:00.002-03:002014-06-28T02:34:03.990-03:00FAVELAS - A VIOLÊNCIA CONTRA A JUVENTUDE NEGRA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN1uNT29gxrPC7tbOiIKNd_l2WcVOxgFPezqK_P908wwms5PjoPRsRYas-DCdboP4BXqs2UmOSMCr2fumXmv6RLaDo4isesp2nsruDSa608P3OXRHfqZUCJo2OYjCyE8n6a1sPw1iCWhU/s1600/24.02-Homic%25C3%25ADdios.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN1uNT29gxrPC7tbOiIKNd_l2WcVOxgFPezqK_P908wwms5PjoPRsRYas-DCdboP4BXqs2UmOSMCr2fumXmv6RLaDo4isesp2nsruDSa608P3OXRHfqZUCJo2OYjCyE8n6a1sPw1iCWhU/s320/24.02-Homic%25C3%25ADdios.jpg" height="180" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A violência urbana que atinge aos nossos jovens não os atinge de forma homogênea. O crime no Brasil difere as classes sociais, assim como separa a cor. O crime no Brasil tem endereço certo: as favelas e as regiões periféricas das grandes cidades. Como também tem seu seus principais atores já condicionados pelo habitar e pelo estigma de pertencer a uma “comunidade”, são eles jovens entre 15 e 24 anos, pobres e negros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Pesquisas demonstram que os crimes ocorrem e demandam de acordo com o local, a moradia, o poder aquisitivo e a etnia. Falar sobre violência entre jovens é tocar em feridas mal cicatrizadas e que vão de encontro ao pensamento dominante e do senso comum de que as relações raciais brasileiras sempre foram por assimilação e não por segregação. O mito da democracia racial engendrado na nossa cultura histórica e reproduzido como um mantra durante muitos anos nos livros didáticos cai por terra quando analisamos todo o contexto atual em que morrem essa massa de jovens das periferias. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Existe sim, afirmo, uma violência direcionada aos negros, institucional, canalizada pelo Estado ou não, a reboque do neoliberalismo, existem vários vetores que levam a mortalidade entre jovens negros serem maiores do que a de brancos, bem como serem os negros a maioria nas cadeias. Achar que isso não acontece ou desmerecer o assunto colocando como desculpa que há também uma população branca desassistida, seja pelo Estado ou marginal (fora do mercado neoliberal e constituinte de mão-de-obra sem especialização) é reproduzir um discurso que, inclusive, é canalizado pelos meios de comunicação demonstrando o quanto o Estado tem procurado diminuir a violência e a ira das “classes perigosas”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A imagem do negro como um indivíduo violento ou submisso foi construída ao longo de nossa história retrato de nosso passado escravista. A imagem do negro na TV é de um indivíduo submisso, reportando ao escravismo, ou violento, reportando a sua insubmissão ao não aceitar o escravismo. A forma como isso é colocado em nossos dias atuais é realizada de maneira sutil. Basta ver na TV as poucas histórias onde o negro é o personagem principal. No cinema a imagem está ligada e contextualizada dentro de um habitat (a favela) onde o trinômio violência-pobreza-favela constitui a base das relações raciais e quase sempre o negro é o protagonista/vítima da violência seja na sua própria comunidade ou ao invadir a “cidade européia”, ou seja, a cidade dos brancos, basta analisarmos filmes como “Cidade de Deus”, “Ônibus 174”, “Salve Geral” e “Carandiru”, dentre outros. Lembrando que não estou criticando os filmes, mas a visão dos filmes é uma reprodução quase consciente do que está presente em nossas relações raciais e imbricada de senso comum. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Paixão (2005) cita uma pesquisa de Gláucio Soares e Doriam Borges onde constataram que no ano 2000 as taxas de homicídio por 100.000 habitantes no país eram desiguais “... em termos de gênero e de raça: homens negros, 56,7 por 100 mil habitantes e homens brancos, 36,7; mulheres negras, 4,4; mulheres brancas, 3,6.” (Paixão: 2005, p.113).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">No Rio de Janeiro entre 1993 e 1996, 70, 2 % dos mortos pela polícia eram negros para uma população branca de 60% da cidade; da mesma forma 54,6% das feridas em confronto com a polícia também eram negras. Quando direcionamos a visão para as favelas, fica nítido como o viés racial da violência: nas favelas das 513 vítimas brancas em confronto com a polícia 17,8% ficaram feridas e 82,2% foram mortas, enquanto com a população negra os feridos foram de 10% e 90% de mortos. Mas em São Paulo não é diferente, sendo 27,83% da população paulista os negros são 43% dos assassinados por policiais (Paixão, 2005, p.114).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Enquanto vem aumentando o Estado Penal (Wacquant: 2001) copiado e articulado liberalmente pelos Estados Unidos e que influenciou a comunidade europeia e nos atinge cada vez mais, tendo como objetivo a imposição do mercado neoliberal e a penalização a todos os “marginais da cidade” que impedidos de participar da farra capitalista acabam no “mercado informal” ou no mercado das drogas. Essa maioria de jovens das nossas favelas e periferias que não conseguem ver o aceno do Estado para as suas necessidades sociais acabam fazendo parte de um triste mosaico patrocinado pela sociedade que os vê como condenados à miséria ou a morte, a máquina de moer deve ser substituída por mais presença do Estado e de uma sociedade que não estigmatize os favelados, mas os receba como brasileiros da mesma nação e não brasileiros de segunda classe.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-27665345911352635782011-06-18T23:35:00.001-03:002012-09-14T15:49:00.973-03:00Estado e Pobreza<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_cUQBNH8_S_UUBZjg43ypo0kcD23jWZK5ih3LuF9kVrG8-pnoHQgLrE93pOXnoWmjGlnwXtCFJ-VsubhgYNfABZCpmI7LBT24VXKeib88DGdJqHo_ZYa1MrxrpfGn_gSFyHXKO0rA2L4/s1600/favela+foto.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619754795310160898" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_cUQBNH8_S_UUBZjg43ypo0kcD23jWZK5ih3LuF9kVrG8-pnoHQgLrE93pOXnoWmjGlnwXtCFJ-VsubhgYNfABZCpmI7LBT24VXKeib88DGdJqHo_ZYa1MrxrpfGn_gSFyHXKO0rA2L4/s320/favela+foto.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 214px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Estamos assistindo neste final do milênio a uma das suas últimas revoluções, esta não só mudou a cara do mundo, mas adentrou residências, modificou hábitos e fez com que o mundo se tornasse pequeno: a revolução da informática. Ela não vem sozinha, mas acompanhada do processo de globalização que fez com que uma grande parte dos países iniciassem mudanças estruturais em áreas governamentais. No Brasil não é diferente, mesmo com a resistência de parte da classe política, o que vemos é que adentraremos o próximo milênio com o paradigma do Estado Nação x Estado mínimo.
Aquele estado protecionista que mantinha monopólios(“o petróleo é nosso”) não só pereceu mas fez com que a nova classe política ficasse entre a cruz e a espada, ou melhor, entre o assistencialismo e a reciclagem( terceira via). Os novos governantes não têm como manter o “Estado Mercantilista”, como nos ensina o historiador Jorge Caldeira, em seu último livro, pois o Estado brasileiro não adaptou-se à globalização, embora a sociedade devido às circunstâncias tecnológicas, tenha adaptado-se.
A compreensão de que o processo de globalização é mais uma fase do capitalismo, o que não quer dizer que será sempre assim, fez com que a classe política começasse a repensar o que deve ser feito nesse mundo novo. Um dos debates atuais é sobre a pobreza, como se os pobres de uma hora para outra valessem quanto pesam, as antigas querelas revolucionárias deram espaço ao debate sobre a miséria e o discurso internacionalizou-se, pois até o FMI entrou na discussão, embalando os pobres numa falácia que que cheira a um engodo nacional.
O déficit público, que é a diferença entre o que o Brasil arrecada e o que gasta, é a nova preocupação dos governos em todos os níveis, hoje 32% do Produto Interno Bruto(PIB) vai para os cofres públicos, ou seja, de cada 3 reais 1 vai para o governo, e mesmo assim, o Estado não consegue cumprir as suas principais funções. Há brasileiros que sobrevivem com R$2,00 por dia, “...24 milhões os brasileiros indigentes e outros 30 bilhões de pobres que vivem com menos de R$68,00.”(Veja,27.10.99). Políticos como Lula e Antonio Carlos Magalhães abraçaram a nova bandeira e apresentam as suas armas: mais taxações, mais impostos e acham que é esta a solução para a pobreza no país.
A proposta do governo Lula era taxar as grandes fortunas em 10%, ou seja, as famílias mais ricas do Brasil(400 mil) pagariam um “imposto solidariedade” que levariam a arrecadação de 100 bilhões. Já ACM também propos taxações, leia-se impostos, seja sobre pessoas jurídicas com rendimento mensal igual/superior a R$100 mil, seja sobre parte do CPMF (que continuaria a nos atormentar) até bebidas alcóolicas e fumo e o restante resume-se à mais impostos. O que temos que repensar não é se as propostas são boas ou más, mas o que elas representam para o Estado que existe hoje. Não é aumentando a taxação sobre a população seja ela rica ou classe média que se resolverá a questão.
Para obter uma política voltada para os pobres e para a erradicação da pobreza faz-se necessário que o Estado cumpra as suas funções essenciais, não adianta arrecadar e gastar com os mais ricos (como hoje acontece), bem como esse Estado em mutação não tem a função de ficar resolvendo questões como: “Para onde vai a fábrica da Ford?” Será que é mais importante do que erradicar a miséria do nordeste?Do que melhorar o acesso dos pobres a educação fundamental e ao curso superior? Se o néoliberalismo representa desemprego, juros altos e privatizações, o país não soube até agora ajustar-se a nova ordem mundial, ao contrário, as reformas administrativa, previdênciária, constitucional e tributária não avançam e por consequência o país fica paralisado a mercê da mentalidade mercantilista da classe dirigente.
A situação de paralisia do Estado é fruto de uma xenofobia às ideias modernizantes que afloram no mundo hoje, internamente as decisões que aqui são tomadas não vão de encontro ao papel do novo Estado, ao contrário, há uma luta interna no país devido aos que querem o estado centralizado e os que desejam o estado federativo, assim crescem a quantidade de municípios sem condições de manterem-se, mas que devido ao paternalismo antigo e até o mandonismo(já que o coronelismo, como dizia o Prof. Miguel Deps Tallon, não mais existe) acabam minguando o investimento no social, pois o bolo é pequeno para tantas bocas. Pensar sobre a pobreza e torná-la alvo de debate é muito importante nesse momento do país, mas só isso não basta, tem que se reformular o papel do Estado, bem como redimensioná-lo para as mudanças que estão se operando dentro da sociedade e da comunidade globalizada.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-75453195425455662792011-06-07T21:39:00.002-03:002013-02-02T23:20:00.260-02:00OS ESCÂNDALOS DAS PREFEITURAS E A BUSCA DA POLÍTICA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKREuVE8e6uJvpCyGITqW-3W8gsjgd4RHybteqvTnc4faN8qHcjc0J7l_5GwvliEW0Tyih7kzKK3ojGtXMhowZR3OJkrKWNdiUjN-PoUosRvB03nwQkJgCyI2KbTa-WAc-zcMdOylwtkg/s1600/dinheiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKREuVE8e6uJvpCyGITqW-3W8gsjgd4RHybteqvTnc4faN8qHcjc0J7l_5GwvliEW0Tyih7kzKK3ojGtXMhowZR3OJkrKWNdiUjN-PoUosRvB03nwQkJgCyI2KbTa-WAc-zcMdOylwtkg/s320/dinheiro.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A saída de Antônio Palocci do governo só vem mostrar no plano macro o que vem ocorrendo em pequenas gotas em todo o país: corrupção, dinheiro público mal utilizado, obras feitas pela metade, prefeitos eleitos por grupos de empresários que depois cobram o preço da eleição, vereadores que não compreendem o seu verdadeiro trabalho e não supervisionam os prefeitos, tribunais de contas presos a cargos políticos, vice-prefeitos que não tem vínculo nenhum com quem lhe elegeu e por isso nem aparece na prefeitura, etc. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O que poderia mudar isso seria uma reforma política consistente. Para isso deveríamos discutir como deve ser o financiamento da candidatura, colocar limites na utilização do capital via doações, fiscalização mais forte do TRE e principalmente acabar com o sistema de voto atual que faz com que grupos se alternem no poder, mas renovação quase nenhuma é possível. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Se o voto distrital fosse utilizado teríamos a quem cobrar e por consequência o eleito pensaria duas vezes antes de utilizar meios ilícitos para se eleger.</span><span style="font-size: large;">Não acredito que em nosso país o voto em lista seja o melhor, pois beneficiaria os velhos caciques que se manteriam mais ainda no poder, impedindo as classes populares de renovarem suas lideranças nascidas de lutas "pé no chão". A reforma política se arrasta no Congresso e algumas mudanças já poderiam ser experimentadas a partir das próximas eleições. O que não podemos é continuar com os velhos e manjados truques e artimanhas políticas, onde o mandonismo principalmente nas áreas mais pobres do Espírito Santo ainda predomina Basta para isso analisar os municípios que tiveram problemas nas prefeituras ultimamente: Apiacá, Pedro Canário, Jaguaré, Rio Novo do Sul, Santa Leopoldina, Fundão, Iconha, Aracruz e Viana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Quanto mais perto da Grande Mídia e do centro do poder, mais há vigilância e cobrança da sociedade organizada (e da mídia), a prestação de contas à sociedade é mais rápida além de ser cobrada a transparência, ocorrendo menos chance de corrupção. No interior, principalmente nos municípios mais pobres e dependentes do governo estadual, a fiscalização corre mais frouxa, sendo necessária a intervenção das promotorias e de juízes, pois a população quase não se organiza para a política local. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Esse processo de mistura entre o público e o privado onde as prefeituras são colocadas como projetos de grupos para se enriquecerem ocorre desde a criação sem necessidade de muitos municípios, principalmente a partir de 1988, para satisfazer os mandões locais. Muitas delas são desnecessárias e mal se sustentam tanto politicamente quanto financeiramente. São municípios pequenos e que dependem da maioria do capital do Governo Estadual ou da União, dos royalties, por exemplo, e que sem os repasses não conseguem sobreviver.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Ao mesmo tempo a compra de votos e abuso de poder observados nos municípios citados são resultados de uma crise não só do nosso federalismo, mas também de resquícios da Velha República e do que Da Matta cunhou em seu livro "Carnavais, Malandros e Heróis": o jeitinho brasileiro, o “você sabe com quem está falando”?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">No século XXI a pobreza intimida a população de votar sem estar "no cabresto", acordos a luz do dia são traçados para locupletação do público. A mistura entre o que é público e privado, os interesses difusos terminam no que vemos atualmente: Vereadores que compram votos, prefeitos que abusam do poder e utilizam a máquina para se reeleger; licitações fraudulentas e por fim clientelismo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Sem uma reforma política amplamente discutida com a sociedade (e que ela compreenda o valor dessa mudança) continuaremos a ver maus exemplos de gestão pública e mais escândalos fechando prefeituras, além da amalgama da sociedade ficar cada vez mais longe da política, como nos ensina Bauman(Em Busca da Política, 1999), sendo mais fácil se juntarem para enfrentar um pedófilo do que para lutar pelo seu lugar na ágora.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-7306200201325658032011-06-04T16:54:00.008-03:002012-05-27T13:20:45.037-03:00ABDIAS DO NASCIMENTO: Um Combatente que nunca ensarilhou sua arma.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizXo9jz7EE_q6v97KxVR0xecjTdS71QUxsYUfXr9p69HsePJXKaAI0m6jq6usYTHuZEfYiS3dQVhofjoUagSPCibywiA2KzJvifrcVZiVFIrqSyhbmWzDf4fwP3fnxYly0U5zU89DkQLc/s1600/31.jpeg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5614456508928618802" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizXo9jz7EE_q6v97KxVR0xecjTdS71QUxsYUfXr9p69HsePJXKaAI0m6jq6usYTHuZEfYiS3dQVhofjoUagSPCibywiA2KzJvifrcVZiVFIrqSyhbmWzDf4fwP3fnxYly0U5zU89DkQLc/s320/31.jpeg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 202px;" /></a><br />
<h4 style="text-align: left;">
</h4>
<h2 style="text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Há algumas pessoas que suas carreiras se misturam e entrelaçam com as suas atividades, como se ela não existisse sem aquela ação (sua práxis) e ao analisarmos sua biografia sua luta se confunde com seu próprio caminho, creio que foi assim com Abdias do Nascimento. As suas bandeiras (sim no plural), sua atuação como militante do movimento negro confunde-se com sua própria vida, o que torna quase impossível discernir o ser humano do “homem político”. Assim, em vez de buscar o homem político e destaca-lo escondendo o ser humano, preferi assistir ao documentário que se encerra como uma homenagem a Abdias do Nascimento, mas nos mostra o testemunho ainda em vida do homem que se confunde com sua própria trajetória.</span></h2>
<h2 style="text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;"> Abdias do Nascimento nasceu a 14 de março de 1914 na cidade de Franca em São Paulo e faleceu em 24 de maio de 2011. A sua primeira experiência de solidariedade racial aconteceu quando sua mãe interviu junto a uma senhora que surrava um menino negro que perambulava pelas ruas da cidade. Mesmo sem saber o motivo pelo qual o garoto estava sendo surrado, em sua memória este momento permaneceu como sendo o primeiro momento que ele presenciou uma intervenção racial. A mãe influenciou muito Abdias no seu desenvolvimento acadêmico. No documentário ele lembra que enquanto sua mãe o incentivava a estudar e ser “doutor”, o pai o contrariava com medo de que acabasse “(...) igual ao filho do Dr. Petraglia que ninguém queria se tratar com ele e ele suicidou-se.” Anos depois se alista no Exército e serve como voluntário, retornando a Franca para o enterro de sua mãe, momento que não entende a quantidade de pessoas que estavam dando adeus à sua mãe naquele dia, pois havia conforme o autor, mais gente que preferia a sua mãe morta à viva. Quando a Frente Negra foi criada em 16 de setembro de 1931, por Francisco Lucrécio, Raul Joviano do Amaral e José Correia Leite (que, depois, dela se afastará por motivos ideológicos), Abdias se encontrava na frente de batalha e não participou da sua fundação em São Paulo. Somente após a 1932 que ele passa a participar da Frente Negra Brasileira. A Frente tinha como objetivo inicial a educação de crianças, jovens e adultos, chegou a organizar os negros em passeatas e até o acesso a força policial foi via FNB e possuía uma posição ideológica ambígua por parte de seus componentes. Em 1936 é fundado o jornal “A voz da raça”, bem como o FNB torna-se um partido político, ou seja, a única experiência de partido político negro brasileiro. Neste período, Abdias do Nascimento tenta por várias vezes entrar em uma Ordem Religiosa, mas não consegue, por ser negro. Após envolver-se em confusão é expulso do exército e muda-se para o Rio de Janeiro. Lá participa por 4 ou 5 meses da Ação Integralista, pois para ele estava lutando contra a CIA que queria ocupar a Amazônia.</span></h2>
<h2 style="text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">A ambiguidade de sua posição em participar do integralismo, acreditando inicialmente que os Integralistas não estavam ligados à Mussolini não durou muito, ao descobrir que lá havia racistas desliga-se do movimento. Em maio de 1938 organiza juntamente com Aguinaldo Camargo e Geraldo Campos de Oliveira o Congresso Afro Campineiro, discutindo as condições de vida do negro nos aspectos, econômico, social, político e cultural. Mas é em 1944 que dará o maior passo de sua vida para o reconhecimento de sua militância: cria o Teatro Experimental do Negro (TEN), que tinha como objetivo: "Reabilitar e valorizar a identidade, a herança cultural e a dignidade humana do afrodescendente. Une a atuação política à afirmação da cultura de origem africana, representando um avanço na luta contra o racismo no século XX. (...) Promove a inclusão do ator, diretor e autor negros num teatro brasileiro, onde a norma era brochar de preto o ator branco quando houvesse um protagonista negro. Revela o potencial cênico dos heróis negros e da epopeia afro–brasileira, até então excluídos da dramaturgia nacional” (CAVALCANTI, 1976, p. 29).Com a peça de Eugenne O’neill apresentada em 08 de maio de 1945, o TEN faz sua estreia no Municipal, o que para Abdias fora um marco histórico que mudou o teatro brasileiro. O TEN manteve-se até o ano de 1964, com a Ditadura as suas atividades foram encerradas. Atrizes como Ruth de Souza e Léa Garcia foram lançadas pelo TEN. Em 1960 a escola de samba Salgueiro ganha o carnaval do Rio de Janeiro com o tema Palmares, exaltando a figura de Zumbi, inaugurando uma nova estética de escola de samba. Abdias ainda nesta época fundará o Museu de Arte Negra e o TEN encenou a peça “Arena Conta Zumbi”. Antes do AI 5 Abidias saí do país e vai para os Estados Unidos. É no período de 1964 a 1981 que a veia artística para as artes plásticas aparecem e ele vive esses momentos entre a vida acadêmica em universidades como professor e como artista, participando de vários eventos como seminários, conferências e Congressos, não deixando a vida política participando também de vários eventos. Em 1981 cria o IPEAFRO – Instituto de Pesquisas e Estudo Afro-Brasileiros na PUC com Elisa Larkin Nascimento, com o “(...) objetivo de aprofundar o conhecimento das matrizes africanas da cultura brasileira numa perspectiva interdisciplinar e desde o ponto de vista próprio da comunidade negra”. Abdias do Nascimento foi suplente de deputado federal em 1982, sendo Deputado de 1983-1987; Senador da República entre 1991 e 1996-1999. Gostaria de ser lembrado como “Um Combatente que nunca concordou em ensarilhar as armas.”.</span></h2>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<br />
REFERÊNCIAS - Documentário Abdias do Nascimento. Memória Negra. Filme Documentário. Direção e Roteiro de Antonio Olavo, duração 95 minutos, 2008. - CAVALCANTI, Celso Uchoa (Coord.). Abdias do Nascimento. Memórias do Exílio. São Paulo: Editora e Livraria Livramento LTDA., 1976. p. 23 – 52. - www.ipeafro.org.br</div>Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7585822042241387249.post-82845306108478528712011-05-18T14:07:00.001-03:002013-01-18T16:46:03.208-02:00Treze de Maio: O espelho que só reflete o que queremos ver.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL7bsoxZnCipFfxLJmZ3j4gz_2-zc_c-tsC38b7ctLuJhAogOzIp87K-7kP8alEYLyPOeoZa4GVnBFw4emLkQerzFEGiB-NyRswmT7R5UQvyONTGBY0BeW_ZR4V-LsEXaDkPc7QuIXpec/s1600/escravidao-i.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608104347277577698" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL7bsoxZnCipFfxLJmZ3j4gz_2-zc_c-tsC38b7ctLuJhAogOzIp87K-7kP8alEYLyPOeoZa4GVnBFw4emLkQerzFEGiB-NyRswmT7R5UQvyONTGBY0BeW_ZR4V-LsEXaDkPc7QuIXpec/s320/escravidao-i.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O 13 de maio traz em si uma discussão sobre a tradição. Se há pouco tempo atrás se comemorava a data e louvava-se a Princesa Isabel, a “redentora” pelo ato de libertar os escravos no Brasil, hoje há uma “tradição inventada”. Se o 13 de maio deixa de ser a data de comemoração ou rememoração do ato do fim da escravidão brasileira, simbolicamente há de se buscar uma data que signifique o aspecto da luta do negro para a sua emancipação, não como se sua liberdade viesse do Estado nascente brasileiro, mas como um processo de luta em que o próprio negro interviu de várias maneiras e principalmente pela resistência. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A tradição inventada, conforme Hobsbawm visa o inculcamento de valores e normas de comportamento através da repetição, o que faz com que o passado passa a ter uma continuação no presente, mas neste caso com um novo significado. Falo da “tradição inventada”, pois se constitui o 20 de novembro na data de novo significado do passado escravista brasileiro. Se o 13 de maio é uma “data branca” o 20 de novembro se adequa a leitura do movimento negro e dá um novo significado ao fim da escravidão no Brasil. Assim, o 20 de novembro data da morte de Zumbi, o herói do Quilombo dos Palmares é mais importante do que o 13 de maio para a tradição inventada atual. Da mesma forma o 13 de maio passou a ser o Dia da Denúncia Contra o Racismo no Brasil.
Mas se cai em uma armadilha, pois o 13 de maio continua sendo na memória nacional o dia do fim da escravidão brasileira e qualquer um adulto que estudou no período militar até a década de 1980 no Brasil, experimentou através dos livros didáticos a visão da liberdade dos negros dada por uma princesa bondosa e chegaram até a colorir seus colares em desenhos nos cadernos e nos livros com sua figura de olhos distantes mas bondoso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Se a tradição inventada vence a memória fabricada é questão de analisarmos como nas nossas escolas os professores têm ensinado a história do negro e da África, para que não se troque um mito por outro.
A memória sobre a escravidão em certo ponto vem sendo trabalhada para o esquecimento desde um ano após a sua declaração. Em 14 de dezembro de 1890, Rui Barbosa, Ministro da Fazenda, ordenou a destruição de arquivos no seu ministério que se referiam a escravidão, prevenindo-se dos proprietários que poderiam requerer indenizações, mas provocando um “damnatio memoria”, pois foram com isso fontes preciosas que poderiam esclarecer muito da escravidão para os historiadores.
Outra forma de apagar a memória da escravidão brasileira foi a teoria de que com o tempo o elemento negro desapareceria, como uma mágica, através do branqueamento da população com a imigração europeia, hoje prova-se através dos Censos que a população negra nunca decresceu em números em relação a população branca e cresceu em números a auto declaração dos brasileiros que trazem consigo a “identidade” negra, ou seja, não se escondem mais classificações que buscavam atenuar o percentual de negros dentre a população. Da mesma forma, intelectuais, como Gilberto Freyre, que propagou a ideia de que diferente de todas as outras nações o Brasil fundava-se em uma mestiçagem física e cultural onde a presença do africano não é mais uma mácula a apagar, mas uma contribuição mais importante do que a influência ameríndia, a escravidão passava a ser uma contribuição, não mais um recalque, mas minimizam-se as suas consequências, enquanto teoria em muito influenciou a leitura dos livros didáticos e a interpretação suavizante das relações entre escravos e senhores.
Os livros não traziam informações sobre as rebeliões de escravos, nem os diferenciava, tornaram os africanos donos de somente um rosto e todos com a mesma função na sociedade brasileira: ser escravo. Mas havia todos os tipos de escravos, os boçais e os ladinos, boçais os que não falavam a língua nem o costume da terra brasileira, ou seja, africanos recém-chegados e que ainda falavam a sua língua natal e mantinha intacta a sua cultura, bem como havia os ladinos, que já haviam se adaptado não só a língua, mas também à cultura e truques locais. Da mesma forma, africano nascido no Brasil era chamado de “crioulo” e os com que traficados eram chamados de “africanos”. Havia “nações” de todas as origens e determinadas “nações” cresceram em densidade demográfica em determinadas regiões do país e em outras pouco apareciam, sendo que essa “ordem” de nações não dava a “identidade” do africano, pois após percorrer vários ou centenas de quilômetros, não informavam a sua origem, a sua terra natal, mais provavelmente o local onde haviam sido reunidos para serem traficados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Assim, a identidade do africano constitui-se da visão e da classificação do traficante e não do escravo, fazia parte da prática classificatória do traficante e não do africano. Assim os traficantes baianos que preferiam os africanos da região do litoral norte do Golfo de Benin, chamado na época de “Costa da Mina” (África Ocidental), daí a denominação dos africanos de “Minas”, identificando-os conforme o local de onde haviam sido capturados. Os traficantes cariocas abasteciam em Cabinda, Luanda e Benguela, entre o Congo e Angola o que fez com que no início do século XIX, mais de dois terços dos escravos do Rio de Janeiro fossem oriundos da África Central e Austral. Os “Minas” só aumentaram sua população na capital do país após 1835 com o tráfico inter-regional, com o declínio das regiões açucareiras do nordeste e após a Revolta do Malês. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">As várias “nações” identificavam e classificavam os africanos, nos registros paroquiais constavam como parte da identidade do africano (“Manuel Congo, por exemplo). No Rio de Janeiro do século XIX haviam várias “nações” como por exemplo: mina, cabinda, congo, angola(ou luanda), cassanga, benguela, Moçambique e cabundá(que às vezes são incluídos na nação angola). As nações mesmo sendo parte da práxis classificatória do traficante é reivindicada pelo africano, buscando e dotando de um conteúdo que lhes dê uma identidade e que os faça reconhecerem-se entre si através de práticas e de lembranças, repassadas uns aos outros e inclusive aos novatos, restabelecendo parte de uma ordem social que direciona ao local de onde foram arrancados e não a que estavam inseridos naquele momento.
Os quilombos lançados à memoria nacional como poucos ou somente o que mais ficou famoso, Palmares, não foram inseridos nas leituras das crianças e adolescentes do século passado. Reportando-se somente a Palmares (que durou todo século XVII em Alagoas), normalmente com poucos textos, os livros didáticos trabalharam nossa memoria nacional como se as revoltas e rebeliões fossem em um espaço de tempo definido e por isso, poucas. O Rio de Janeiro era juncado de quilombos por todos os lados, cheios de mocambos(do termo ambundo mukambo, significando “esconderijo”) durante todo o tempo que durou a escravidão. Com a Constituição Federal de 1988, ocorreu a previsão de legalização das terras quilombolas pelos descendentes dos africanos, exemplo disto é que em março de 1999, a vice governadora do Rio de Janeiro Benedita da Silva, reconheceu os direitos de uma propriedade de 290 hectares pertencentes a 85 famílias de Campinho da Independência, município de Parati. Mas os livros didáticos minimizaram a quantidade de quilombos e mocambos como se os africanos não se organizassem nas fugas e nas revoltas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A “Lei Áurea” nº 3353 de 13 de maio de 1888, continua sendo na memória nacional o dia da abolição dos escravos no Brasil, mesmo que naquela data somente 25% da população escrava não havia sido liberta. Mas essa “fabricação” realizada pelo Estado, que apagou tudo o que fora feito com os Africanos e seus descendentes foi desfeita por uma historiografia que deu voz aos “escravos”; que refez as relações raciais não só na Casagrande e Senzala, mas até culturalmente, mostra que no presente as consequências tem sido danosas para os afrodescendentes. No Espírito Santo, como exemplo, a população carcerária negra é maior 3 vezes do que a branca, ou seja, a chance de um negro ser preso é 3 vezes maior do que um branco. Da mesma forma dentre a população que recebe até R$70,00(setenta reais) estabelecido pelo Governo Federal como a linha de pobreza encontra-se 16,2 milhões de brasileiros, destes 11,5 milhões são pardos ou pretos, ou seja, para cada branco há 2,7 pretos ou pardos abaixo da linha da pobreza. São os negros os que morrem mais na carnificina diária brasileira, entre 15 e 29 anos cinquenta por cento dos que faleceram entre 2001 e 2007 eram negros (IPEA). Negar tais índices e não compreender que as relações raciais brasileira são fruto do nosso passado escravista é negar a história e manter o mito da democracia racial como se fosse o espelho que só reflete o que queremos ver.</span></div>
</div>
Washington Siqueirahttp://www.blogger.com/profile/08461321912273844503noreply@blogger.com0